Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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/ Isis Medeiros
“
No comércio,
o que mais
aumentou foi
o consumo nas
farmácias”
crime, sobretudo com relação à saúde.
“Eu trabalhando, atendo uma
mãe que perdeu o filho, outro dia
um filho que perdeu a mãe. Isso é
todos os dias e, todos os dias, a gente
vive e revive. Uma ruptura muito
brusca, ninguém imaginava, esperava”,
lamenta. Segundo ela, é notável
que muitas pessoas estão desenvolvendo
problemas psicológicos e
psiquiátricos, além do aumento da
demanda infantil e adulta no CAPS
(Centros de Atenção Psicossocial).
Compreender de que distintas
formas os crimes de mineração impactam
a vida das pessoas é aprofundar
ainda mais sobre as ameaças
trazidas por essa atividade. Para
a psicóloga e pesquisadora Débora
Diana é preciso definir esse tipo
de crime como uma violência, que
se estrutura de diferentes maneiras.
Em primeiro lugar, seria uma
violência econômica, já que historicamente
somos saqueados da nossa
própria riqueza em favor do capital
estrangeiro. Para ela, outra violência
presente é a institucional, na medida
em que temos legislações ambientais
que cada vez se flexibilizam. “A
gente tem que entender que esses
processos de adoecimento, de sofrimento
ético e político, são construídos
a partir de questões materiais.
Quando você individualiza, muitas
vezes você culpabiliza, isola o sujeito.
Não é apenas com medicação
psiquiátrica que tratamos. É preciso
atenção, suporte, escuta qualificada,
cuidado em saúde mental”, explica.
Dados da Secretaria Municipal de
Saúde de Brumadinho comprovam
essa realidade. Desde o rompimento
da barragem, o número de suicídios
e de tentativas contra a própria vida
aumentou. Só no ano de 2019 foram
47 tentativas, praticamente o dobro
em comparação ao ano de 2017, antes
do crime. Outro dado é referente
ao consumo de antidepressivos
e ansiolíticos: um crescimento de
56% e 79%, respectivamente, com
relação ao ano de 2018. “Eu mesma
tomo, minha filha já está na terceira
medicação. No comércio, o que
mais aumentou foi o consumo nas
farmácias. Trabalhando na área da
saúde, é visível que houve um aumento
de atendimentos”, comenta
Ivanete Silveira.
Para a diretora do Sind-Saúde/
MG, o impacto sobre as mulheres
é perceptível, justamente por esta
carga a mais de estar no lugar do
cuidado. “O ser mulher é muito importante
e justamente por isso é tão
pesado. Tem a mulher trabalhadora
que perdeu a vida, tem a mulher
mãe que morreu lá e deixou os filhos,
tem a mulher mãe que perdeu
o filho lá, tem a mulher esposa que
perdeu o marido. Ou seja, são várias
mulheres neste sofrimento. Aí
tem a mulher que ficou e que cuida
do filho sozinha, tem a mulher que
tem que consolar os filhos, o marido,
o neto, toda a família; a professora
que vai dar aula para o aluno
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Revista Elas por Elas - março 2020