Elas por elas 2020
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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“
Todas as
pesquisadoras
que conheço estão
preocupadas em
relação ao futuro, com
a possibilidade de
perderem pesquisas
em andamento ou de
não conseguirem mais
iniciar novas”
/ Istock Photos
defesa pela descriminalização do
aborto, a antropóloga teve de deixar
o país e foi incluída no programa
de proteção aos Direitos Humanos
do governo federal. “Chegaram
ao ponto de cogitar um massacre
na universidade caso eu continuasse
dando aulas. A estratégia desse
terror é a covardia da dúvida. Não
sabemos se são apenas bravateiros.
Há o risco do efeito de contágio, de
alguém de fora do circuito concretizar
a ameaça, já que os agressores
incitam violência e ódio contra
mim a todo o momento”, disse a antropóloga
à época, em entrevista ao
jornal El País. Para a presidenta da
ANPG, o episódio ilustra bem como
as questões de gênero que atravessam
a sociedade têm reverberado
na academia. “Isso é uma questão
muito grave, que retrata o contexto
em que vivemos atualmente e de
como a opressão de gênero é uma
questão muito candente, muito real,
e se expressa hoje de forma muito
violenta. Isso tem se refletido no
país e na academia, como uma perseguição
ao campo de conhecimento
também”, avalia Flávia Calé.
Para a professora Karla Torres,
coordenadora do Núcleo de Estudos
sobre Gênero e Diversidade do
Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais (CEFET/
MG), o quadro atual é o mais grave
que já enfrentou em sua trajetória
acadêmica e profissional. Graduada
em Ciência da Computação
pela Universidade Federal de Viçosa
(UFV), ela fez mestrado em Física
com ênfase em Astronomia,
na Universidade Estadual Paulista
(Unesp), e doutorado em Engenharia
e Tecnologia Espaciais, pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
o conhecido Inpe – instituição
que foi alvo recente de ataques
do presidente Bolsonaro, por ter
divulgado estudos que comprovaram
o aumento do desmatamento
na Amazônia.
“Apesar de ter vivido situações
de maior ou menor incentivo à pesquisa
por parte do governo, cortes
de gastos e restrições econômicas,
em geral essas eram situações pontuais,
e nãos sistêmicas, como são
hoje. O cenário que vejo atualmente
é de ataques constantes ao desenvolvimento
científico e educacional.
Pessoas que dependem de
bolsas para entrar na faculdade
ou na pós-graduação vão deixar de
fazê-lo, e essas potencialidades podem
ser perdidas. Todas as pesquisadoras
que conheço estão preocupadas
em relação ao futuro, com
a possibilidade de perderem pesquisas
em andamento ou de não
conseguirem mais iniciar novas”,
relata Karla Torres, para quem a
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Revista Elas por Elas - março 2020