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Elas por elas 2020

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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nossa saúde e a educação estão sucateadas

e ainda não temos direito

ao território. É um crime. A gente

continuará gritando, mesmo sendo

ameaçado, pois as sementes vão

continuar”, finaliza.

Representatividade política

Resultado de muita luta e organização,

os povos indígenas no Brasil

conseguiram eleger sua primeira

deputada federal – Joênia Wapichana,

do povo Wapichana, filiada

à Rede de Sustentabilidade (REDE),

representando Roraima, nas eleições

de 2018. Antes dela, até hoje

apenas um indígena, cacique xavante

Mário Juruna, havia ocupado

uma cadeira na Câmara Federal

(1983-1987). Depois de 35 anos,

chega Joênia com muita garra e coragem.

Ela foi a primeira mulher

indígena a se formar em Direito no

país, em 1997, pela Universidade

Federal de Roraima (UFRR). Na Universidade

do Arizona (EUA), cursou

mestrado. A deputada nasceu

na comunidade indígena Truarú

da Cabeceira, na etnoregião Murupú,

de etnia Wapixana.

Como parlamentar, acredita que

seu desafio é fazer com que a causa

indígena tenha visibilidade e que

haja avanço nas consolidações das

garantias constitucionais para que

o direito seja de fato exercido. “Que

ele saia do papel e que os povos indígenas

possam usufruir o que a nossa

Constituição já determina – respeito

à demarcação das terras indígenas.

Exercer a cidadania, ocupando

os espaços que ainda não ocupam,

participar do processo de tomada

de decisão do país, ter respeitado

e exercido o seu direito de consulta

livre, prévia e informada, fazer

com que as terras indígenas sejam

vistas como estratégias de proteção

à cultura, ao meio ambiente, à coletividade”,

explica. A parlamentar

defende que os direitos dos povos

indígenas sejam considerados também

responsabilidade de cada brasileiro

e que as atividades, que já desempenham,

sejam vistas como investimento

no planejamento de desenvolvimento

do país. “Não simplesmente

que os recursos naturais

sejam vistos com olhares de cobiça,

mas que sejam colocados como estratégias

ou formas de colaboração

dos povos indígenas com a sociedade

brasileira”, afirma.

Quanto à mulher indígena, Joênia

Wapichana destaca as mudanças

na realidade. “Avançamos no

exercício, no destaque e no protagonismo

em várias áreas. Mas precisamos

de mais representação política,

para que outras indígenas

Temos visto uma

Funai cada vez mais

em decadência, com

falta de investimento

nas suas estruturas

e no quadro de

funcionários”

possam colaborar com os seus conhecimentos,

valores e trabalhos

que desenvolvem em suas comunidades.

Também precisamos de políticas

públicas específicas voltadas

às mulheres”, acrescenta.

Sobre a Funai, a deputada não

é otimista. Criada em 1967, com a

função de apoiar na consolidação

dos direitos dos povos indígenas,

principalmente na proteção dos

direitos territoriais, ela não tem

cumprido seu papel. “Temos visto

uma Funai cada vez mais em decadência,

com falta de investimento

nas suas estruturas e no quadro de

funcionários. Um verdadeiro sucateamento,

falta de seriedade dos

nossos governantes, que não incentivam,

não fortalecem esse órgão

que cuida de 13% do Brasil. Apesar

das terras indígenas serem consideradas

patrimônio da União, não

está sendo dada a devida importância

em termos de orçamento.

Cada vez mais têm sido realizados

cortes, contingenciamento. É uma

falta de investimento sistemático,

não só nesse governo, mas agora

piorou. O presidente Bolsonaro

anunciou que usaria do seu

mandato para ‘rever’ a demarcação

das terras. Com a MP 870/2019, ele

tentou retirar a Funai do Ministério

da Justiça e passar para o da

Agricultura, que cuida do agronegócio.

Felizmente, conseguimos

reverter isso na ação judicial que

a REDE Sustentabilidade propôs no

Supremo e manteve a Fundação no

Ministério da Justiça, com a função

institucional de demarcar as terras

indígenas. Isso foi uma ameaça. Por

outro lado, existe uma perseguição

Revista Elas por Elas - março 2020

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