Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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Deífi lo Gurgel (Presidente da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore)<br />
Se fosse vivo, Chico Antônio estaria completando, este ano, cem anos de idade.<br />
Quem poderia imaginar que um garoto nascido no dia 20 de setembro de 1904, na<br />
comunidade Corte, a poucos quilômetros da cidade de Pedro Velho, iria se transformar,<br />
com o passar dos anos, num dos nomes mais famosos da poesia folclórica do Rio Grande<br />
do Norte?<br />
Ninguém poderia pensar nisto, considerando-se que na família do menino não existia<br />
qualquer antecedente de vocação poética, uma família de honrados lavradores, a vida<br />
inteira dedicados aos trabalhos do campo.<br />
No entanto, Chico Antônio, desde menino, foi a “ovelha negra” da família, fugindo de<br />
casa para ouvir os grandes emboladores, nas noites memoráveis de pelejas.<br />
De nada adiantou o pai ter o colocado desde cedo na escola para aprender a ler e escrever.<br />
De nada adiantaram as surras de cinturão com que o pai o castigava, para demovê-lo do<br />
seu propósito de cantar coco.<br />
Tão menino era, quando começou na vida de cantador, que não sabia sequer tanger o<br />
ganzá, companheiro indispensável de todo embolador famoso. Era preciso que um amigo<br />
fi zesse isto por ele.<br />
E assim se passaram dez anos.<br />
Naquele tempo, o menino da Corte lavrava a terra com seu pai e a vida corria mansa, como<br />
as águas do Rio Curimataú, depois das enxurradas. E os anos não paravam de passar.<br />
Chico Antônio<br />
cem anos depois<br />
Julho 2004<br />
Deífi lo Gurgel<br />
(centro)<br />
apresenta Chico<br />
Antônio (esq.) a<br />
Câmara Cascudo,<br />
em 1979<br />
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