Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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Entre o cabo da enxada e a poesia<br />
O agricultor Francisco Antônio de Oliveira, 54 anos,<br />
corre em busca de uma chance para mostrar seu talento<br />
com a mesma vontade que cultiva a terra. Canindé<br />
Antônio, como é mais conhecido, divide seu tempo entre<br />
o cabo da enxada e a composição de versos e canções.<br />
“Não adianta me apresentar dizendo que sou compositor<br />
ou poeta, ninguém acredita”.<br />
Canindé Antônio é líder do assentamento Pedra de São<br />
Pedro e vive numa casa humilde feita de tijolos de barro<br />
aparentes. Já teve dez fi lhos com a esposa Maria Aparecida<br />
de Oliveira e diz nunca ter tido a chance de mostrar seu<br />
dom artístico.“Moro num pé-de-serra que nem esse, fi co<br />
até emocionado com a visita”.<br />
“Sou poeta nordestino.<br />
Tenho minhas mãos calejadas.<br />
Eu trabalho dia a dia<br />
no cabo da minha enxada.<br />
Não sou poeta ridículo,<br />
que para o mercado rico,<br />
meus versos não valem nada”.<br />
O agricultor conta em versos sua paixão pelas coisas da<br />
terra e faz uso da voz grave para cantar brega e forró.<br />
Canindé participou do Festival da Cultura de Sítio Novo<br />
cantando com o grupo Juscelino Show, mas ainda tem<br />
muitos projetos a realizar. Pretende ter suas composições<br />
gravadas por bandas de forró ou cantores famosos e sonha<br />
em ver a cultura do município ser mais valorizada.“Faltam<br />
pessoas para acreditar na cultura de Sítio Novo. Espero<br />
que esta visita dê algum alcance. A cultura de Sítio Novo<br />
é rica”.<br />
O poeta popular não vê muitas perspectivas para seu<br />
futuro como compositor e seresteiro. “Deus me deu este<br />
dom de ser artista, mas este talento vai ser enterrado no<br />
chão junto comigo. Nem tenho como passar para alguém<br />
e não tenho oportunidade para mostrar”. O agricultor,<br />
um amante da natureza e bom observador, faz ainda<br />
uma crítica social utilizando o hábito dos conterrâneos<br />
de manter em gaiolas galos-de-campina e outras aves<br />
silvestres. “Tão soltando os criminosos e prendendo os<br />
passarinhos”.<br />
“Sempre Alerta” faz teatro educativo<br />
Educar através do teatro é a missão do Grupo de Jovens<br />
Sempre Alerta. O Sempre Alerta, fundado pela enfermeira<br />
Sandercleia Oliveira em agosto de 2003, faz apresentações<br />
teatrais em escolas utilizando como tema a prevenção de<br />
DSTs, gravidez na adolescência, drogas ou dengue.<br />
O trabalho do grupo vem ganhando reconhecimento<br />
desde a apresentação no programa “Governo nas Cidades”,<br />
realizado em Santa Cruz entre os dias 31 de março e 3 de<br />
abril deste ano. Já são 40 estudantes envolvidos com os<br />
afazeres do grupo de jovens. Todos os componentes são<br />
estudantes de escolas públicas do município.<br />
Os membros do grupo assistem, mensalmente, palestras<br />
de médicos, nutricionistas ou enfermeiros. O conteúdo<br />
aprendido nas apresentações é repassado para os demais<br />
estudantes através de uma linguagem popular e de forma<br />
divertida. As peças são preparadas em conjunto durante<br />
os ensaios feitos à noite na sede da Secretaria de Ação<br />
Social.<br />
Rivagma Teixeira de Azevedo Cunha, secretária de saúde<br />
do município, explica que o grupo ainda vai desenvolver<br />
projetos em outras áreas. “Iniciamos o trabalho em agosto<br />
de 2003. Agora vamos envolver o grupo de jovens em<br />
outras atividades como o esporte”.<br />
Julho 2004<br />
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