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Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto

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Entrevista: <strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> <strong>Júnior</strong><br />

Preá – Qual a sua participação na criação da Orquestra<br />

Sinfônica do Rio Grande do Norte?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Na época, havia um coreano aqui<br />

como maestro. Esse rapaz, que não me lembro mais o<br />

nome dele, foi um pioneiro, e ele começou o embrião da<br />

Orquestra Sinfônica. Eu ia aos concertos, gostava muito,<br />

nós fazíamos um intercâmbio. Chega Osvaldo {D’Amore}<br />

para tocar na Orquestra. Com um desentendimento que<br />

o coreano teve com o Governo do Estado, foi embora e<br />

Osvaldo assume e expande a Orquestra. Acima de tudo,<br />

isso. Porque antes era uma “orquestrinha”. Osvaldo<br />

ampliou e levou a Orquestra Sinfônica ao povo. Certa<br />

vez ele me disse: – Vou levar a Orquestra Sinfônica à<br />

Festa do Boi. Eu respondi: – Você tá maluco, onde é que<br />

cavalariço, peão, vaqueiro, gente do povo, vai se interessar<br />

por Orquestra Sinfônica? Não pode rapaz, você não vai<br />

fazer uma coisa dessas. Ele levou e voltou outras vezes<br />

com a Orquestra à Festa do Boi. Ele usou uma certa<br />

demagogia para isso, levando a “abertura”, de 1812, de<br />

Tchaikowski, que celebra os combates de Napoleão com<br />

as tropas russas. E durante a execução, que você tem a<br />

Marselhesa e o hino russo, peças de artilharia fazem parte<br />

do concerto. Então ele convoca o pessoal de artilharia do<br />

Exército, o comandante concordou em mandar para lá<br />

uma bateria e o povo ia lá para olhar os canhões, curioso<br />

de saber por que aqueles canhões estavam ali. Na hora do<br />

concerto, ele fez acionar os canhões, que começaram a<br />

atirar, o que teve um efeito muito bonito.<br />

Preá – A Orquestra, no ano passado, fez uma excursão<br />

pelo interior do Estado. O senhor acompanhou algum<br />

concerto?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Estive em Martins e lá fi quei<br />

espantado, porque fui convidado para assistir à<br />

inauguração de uma casa de espetáculo {Casa de Cultura<br />

Popular}, construída onde antes era um galpão velho, que<br />

servia de quarto de despejo para a cidade. Esse local foi<br />

totalmente modifi cado, virou um teatro, mas meu espanto<br />

foi por conta das adjacências, com pinacoteca, biblioteca,<br />

e a cidade toda interessada naquilo. Ficou um ponto de<br />

encontro extremamente importante, que faz intercâmbio<br />

com obras importantes em outros municípios, fazendo<br />

um circuito artístico e cultural, onde poderão ser feitas<br />

programações culturais.<br />

70 Julho 2004<br />

Preá – Um dos sonhos do senhor é construir um teatro<br />

de ópera em Natal.<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – A gente não tem no Estado uma<br />

casa de espetáculo onde se possa apresentar “Aída”, por<br />

exemplo, não tem condições, mas nós teremos o nosso<br />

teatro de ópera, não sei se agora, ou daqui a cinco, dez<br />

anos, vamos ter, por uma necessidade, porque se você faz<br />

um teatro de ópera, ele não vai servir só para ópera, vai<br />

servir para uma convenção partidária, para um congresso<br />

médico, o teatro serve para tudo. Ele vai oferecer cursos<br />

de formação, de extensão, exposições de artes. Acima de<br />

tudo o Rio Grande do Norte dará um salto qualitativo e<br />

quantitativo nas artes.<br />

Preá – O projeto arquitetônico desse teatro de ópera já<br />

está pronto?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Está pronto, é lindo, com 2.640<br />

lugares, é um teatro simplesmente maravilhoso, em que<br />

ninguém estará dentro do teatro mais longe do que 45<br />

metros do palco.<br />

Preá – O senhor imaginou, inicialmente, e até sugeriu<br />

aquela área da Rede Ferroviária antiga, no bairro das Rocas,<br />

para instalar esse teatro. É verdade que a governadora está<br />

propondo transferir o local para Ponta Negra?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr – É verdade. Eu acredito que a<br />

Estação seja o lugar ideal, é uma obra de arte antiga e que<br />

vale a pena aproveitar aquela obra arquitetônica para a<br />

complementação dos cursos do teatro, para as exposições<br />

de artes plásticas, cursos de balé. Nós hoje temos no Rio<br />

Grande do Norte, aqui em Natal, ali na rua Chile, uma<br />

escola de balé simplesmente maravilhosa. Eu estive lá e<br />

fi quei com lágrimas nos olhos, porque lá tem 400 alunos<br />

aprendendo balé clássico, sendo a esmagadora maioria de<br />

alunos carentes, fi lhos de famílias pobres. Isso é uma coisa<br />

maravilhosa. Agora, onde esses alunos vão se apresentar?<br />

Nós não temos uma sala de espetáculo para apresentação<br />

de um balé grande. Um dia desses, veio uma oferta para a<br />

gente albergar uma companhia de ópera, que iria fazer um<br />

ou dois espetáculo aqui em Natal, mas nós não tínhamos<br />

lugar para receber.<br />

Preá – O que fez o senhor se motivar tanto para essa<br />

atividade cultural?

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