Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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O marinheiro que passou por 75 países<br />
“Navegar é preciso, viver não é preciso”.<br />
Poucas pessoas chegam ao fi nal<br />
da vida com tantas histórias para<br />
contar quanto o ex-marinheiro<br />
José <strong>Augusto</strong> de Lima, 84<br />
anos, diretor de patrimônio da<br />
SOAMMI. Seu Zezinho, como<br />
é carinhosamente chamado<br />
pelos conterrâneos, nasceu aos<br />
pés da Serra de São José, no<br />
distante 31 de maio de 1920.<br />
Navegou por mares bravios e<br />
passou por 75 países. A visita ao<br />
Egito, em sua primeira viagem,<br />
em 1946, ainda no conturbado<br />
período do pós-guerra, nunca<br />
saiu da lembrança.<br />
Pompeu Magno (Político romano, 106-48 a.c.)<br />
Navegar era um sonho de<br />
menino. Zezinho alistou-se na Marinha sem imaginar<br />
que um dia descobriria o mundo a bordo de cruzadores<br />
como o histórico Barroso C 11, ou ainda o Almirante<br />
Tamandaré C 12 e o cargueiro Soares Dutra. Quando<br />
embarcou em sua primeira missão na Marinha, em 1946,<br />
a Segunda Guerra já havia terminado, mas havia o temor<br />
de um novo confl ito. “O comandante Carlos Eugênio<br />
Santos Drummond, um homem que falava vários<br />
idiomas, acalmava nossos nervos”.<br />
As viagens iam desde treinamentos em alto mar e<br />
exercícios com tropas até missões diplomáticas. Em<br />
1952, por exemplo, o Cruzador Barroso representou a<br />
Marinha do Brasil na cerimônia de coroação da Rainha<br />
Elizabeth II, na Inglaterra, e participou da Revista Naval<br />
de Spithead. Um ano depois, realizou a transladação dos<br />
restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu, de<br />
Portugal para o Brasil.<br />
Foram mais de 45 anos divididos entre a Marinha de<br />
Guerra e a Mercante. O ex-marinheiro esteve em 75<br />
países e gosta de citar, um por um, os lugares mais<br />
marcantes que já visitou. Zezinho não lembra os detalhes,<br />
mas recorda ter atravessado o Canal de Suez, entre os<br />
mares Mediterrâneo e Vermelho, na sua primeira viagem.<br />
“Passei pelos cinco continentes, mas ter ido ao Egito e<br />
passado pelo Canal de Suez, nunca esqueci”.<br />
Os navios de guerra chegavam a passar 15 dias atracados<br />
em alguns países. Os tripulantes podiam passear pelas<br />
cidades das 17h às 23h. “A gente saia para dar uma volta<br />
e conhecer o modo de vida do povo lá fora, mas não tem<br />
povo mais educado do que o pobre brasileiro. Tem deles<br />
por aí que não dão nem boa noite e bom dia”.<br />
A paixão pelo mar está presente em vários aspectos da vida<br />
do ex-marinheiro. Escolheu torcer pelo Vasco da Gama<br />
desde o início da carreira na Marinha. Eram os tempos do<br />
“Expresso da Vitória”, time base da seleção brasileira no<br />
fi nal dos anos 40. Zezinho casou aos 18 anos e teve nove<br />
fi lhos. Já ganhou 14 netos e, até agora, não conseguiu<br />
convencer nenhum a entrar na Marinha.<br />
Julho 2004<br />
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