Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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São Miguel - celeiro de raras tradições culturais<br />
Por Gustavo Porpino<br />
Fotos: Alberto Leandro<br />
Enfrentar os 445 quilômetros entre São Miguel e Natal valem a pena. O município fi ca no alto da serra do Camará,<br />
a 700 metros acima do nível do mar, quase que escondido na chamada “tromba do elefante”, entre Pau dos Ferros,<br />
centro econômico da região, e Venha Ver, município desmembrado de São Miguel em 1992. Faz divisa com Uiraúna<br />
(PB), terra natal da deputada Luiza Erundina, e Pereiro, município cearense que divide com São Miguel as honras da<br />
tradicional dança de São Gonçalo.<br />
Conhecer São Miguel em ano de chuvas é constatar a alegria dos agricultores que fazem da terra fértil o sustento do dia<br />
a dia. A colheita do feijão e, principalmente, do milho garantem a mesa farta de canjica, pamonha, mungunzá, milho<br />
verde assado e outras iguarias. O açude Bonito, imponente entre vales verdes, a Serra do Formoso e o Alto de Santa<br />
Tereza compõem o cenário da antiga vila iniciada por um aventureiro português de sobrenome Carvalho, até hoje uma<br />
das famílias mais populares da região.<br />
As terras descobertas em 1750 pelo português Manoel José de Carvalho guardam a beleza das serras do alto oeste<br />
potiguar e tradições culturais difíceis de encontrar em municípios mais próximos da capital. A dança de São Gonçalo,<br />
presente no Rio Grande do Norte apenas em Portalegre e São Miguel, resiste ao tempo lá no alto da serra; violeiros<br />
duelam na festa da padroeira resgatando um hábito perdido nas antigas feiras; o Coral de São Miguel Arcanjo entoa<br />
cânticos em latim; a comunidade de Vieiras transforma o barro em cerâmica; a banda de música continua fazendo suas<br />
alvoradas e há muitos jovens com talento de sobra para expressar a arte em diversas formas. Viaje por São Miguel nestas<br />
páginas e vá criando coragem. 445 quilômetros é logo ali.<br />
50 Julho 2004<br />
Um violeiro nas ondas do rádio<br />
O violeiro José Gomes de Souza, 54<br />
anos, presidente da Associação dos Poetas<br />
Repentistas do Alto Oeste Riograndense,<br />
tem uma história de vida parecida com a de<br />
muitos outros nordestinos. Natural de Pilões,<br />
no oeste potiguar, Zé Gomes deixou sua terra<br />
aos 20 anos para tentar a sorte em São Paulo.<br />
Foi, arranjou emprego, mas não agüentou<br />
a saudade por muito tempo. A paixão pela<br />
viola surgiu nas cantorias nos bares do Brás,<br />
tradicional reduto de nordestinos na capital<br />
paulista.