Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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Pablo Neruda<br />
sentia com as injustiças sociais. Retratava sua indignação<br />
não só nos escritos como também nos atos. Achava que<br />
o comunismo seria a solução do mundo e aderiu à idéia.<br />
Teve uma carreira política na qual ganhou indicação à<br />
Presidência da República do Chile, em 1969. Entretanto<br />
preferiu renunciar em favor de Salvador Allende.<br />
Participou da campanha em que Allende elegeu-se e foi<br />
nomeado embaixador do Chile na França.<br />
Casou-se pela primeira vez com a holandesa Maria<br />
Antonieta Hagenaar, depois com a pintora argentina<br />
Delia Del Carril Iraeta e por fi m com a chilena Matilde.<br />
De 1934 a 1938 foi cônsul na Espanha. Em 1971,<br />
recebeu o Prêmio Nobel de Literatura e o Prêmio Lenin<br />
da Paz. Dois anos mais tarde, era chegada a hora de partir.<br />
Morreu aos 69 anos, em 23 de setembro de 1973 em<br />
Santiago, no Chile.<br />
Deixou para a humanidade sua fundamental contribuição<br />
para a literatura. Suas obras mais famosas são: “La canción<br />
de la fi esta”, “Crepusculario”, “Veinte poemas de amor<br />
y una canción desesperada”, “Tentativa del hombre<br />
infi nito”, “Residencia en la tierra” e “Oda a Stalingrado”,<br />
“Canto General”, “Odas elementales”, “La uvas y el<br />
viento”, “Nuevas odas elementales”, “Libro tercero de las<br />
odas”, “Geografía Infructuosa” e “Memorias (Confi eso<br />
que he vivido — Memorias)”.<br />
44 Julho 2004<br />
Teu Riso<br />
Pablo Neruda<br />
Tira-me o pão, se quiseres,<br />
tira-me o ar, mas não<br />
me tires o teu riso.<br />
Não me tires a rosa,<br />
a lança que desfolhas,<br />
a água que de súbito<br />
brota da tua alegria,<br />
a repentina onda<br />
de prata que em ti nasce.<br />
A minha luta é dura e regresso<br />
com os olhos cansados<br />
às vezes por ver<br />
que a terra não muda,<br />
mas ao entrar teu riso<br />
sobe ao céu a procurar-me<br />
e abre-me todas<br />
as portas da vida.<br />
Meu amor, nos momentos<br />
mais escuros solta<br />
o teu riso e se de súbito<br />
vires que o meu sangue mancha<br />
as pedras da rua,<br />
ri, porque o teu riso<br />
será para as minhas mãos<br />
como uma espada fresca.<br />
À beira do mar, no outono,<br />
teu riso deve erguer<br />
sua cascata de espuma,<br />
e na primavera, amor,<br />
quero teu riso como<br />
a fl or que esperava,<br />
a fl or azul, a rosa<br />
da minha pátria sonora.<br />
Ri-te da noite,<br />
do dia, da lua,<br />
ri-te das ruas<br />
tortas da ilha,<br />
ri-te deste grosseiro<br />
rapaz que te ama,<br />
mas quando abro<br />
os olhos e os fecho,<br />
quando meus passos vão,<br />
quando voltam meus passos,<br />
nega-me o pão, o ar,<br />
a luz, a primavera,<br />
mas nunca o teu riso,<br />
porque então morreria.