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Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto

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O professor que ama o cordel<br />

Isso vai acontecer<br />

com gente que aprende a ler.<br />

Lendo poema ou história,<br />

cria asas na memória<br />

e começa num segundo<br />

a voar por todo o mundo.<br />

E quanto mais leitura boa,<br />

mais a gente lê e voa<br />

pelo mundo sem fronteiras;<br />

lendo, lendo a vida inteira,<br />

numa contínua aventura<br />

pelas asas da leitura.<br />

José Poti<br />

O professor José Ferreira da Silva, 54 anos, mais<br />

conhecido como José Poti ou Zezinho, conta em versos<br />

seu amor pela literatura. Humilde, tem o cuidado de dizer<br />

a todo momento que não é poeta. A paixão pelos livros<br />

vem desde a infância e, aos 36 anos, realizou o sonho de<br />

ensinar português e inglês.<br />

José Poti cresceu lendo os folhetos de cordel do pai<br />

Cícero Ferreira do Nascimento e observando a mãe,<br />

Maria das Dores da Silva, tocar rabeca, gaita e fole de<br />

oito baixos. Naquele tempo, era difícil ter acesso a livros,<br />

jornais e revistas. O professor não esquece o dia em que<br />

viu pela primeira vez um exemplar da antiga revista “O<br />

Cruzeiro”.<br />

“Meu pai trabalhava na Fazenda Monte Alegre de Manoel<br />

Carneiro da Rocha, e lá vi a revista. A partir daí, fui<br />

lendo mais e mais”, conta. As difi culdades fi nanceiras<br />

impediram José Poti de dedicar mais tempo aos estudos.<br />

Aos 22 anos, decidiu ir em busca de emprego em São<br />

Paulo, seguindo o mesmo caminho de muitos outros<br />

conterrâneos. Inicialmente, trabalhava em feiras livres<br />

vendendo frutas, mas logo apareceu uma oportunidade<br />

de trabalho com carteira assinada.<br />

“Passei nove anos trabalhando como operador de<br />

máquinas na fábrica de brinquedos Estrela. Quem é<br />

acostumado com a liberdade do campo estranha mais”,<br />

salienta. A experiência foi boa, mas José Poti decidiu<br />

retornar a Sítio Novo e teve que enfrentar novamente o<br />

trabalho no campo. “A melhor terra do mundo ainda é a<br />

nossa. O nordestino que sai daqui e diz que não gosta de<br />

sua terra está mentindo. Ainda peguei um restinho dos<br />

anos do algodão, até o Bicudo acabar com tudo”.<br />

A paixão pela leitura já acompanhava o professor desde a<br />

infância. O fi m do cultivo do algodão serviu para José Poti<br />

despertar seu gosto pela literatura. Autodidata, sempre<br />

gostou de estudar inglês através de livros didáticos. Já<br />

de volta a terra natal, conseguiu alguns livros publicados<br />

pela Universidade de Cambridge e começou a estudar<br />

diariamente.<br />

O empenho surtiu efeito e José Poti foi convidado a<br />

ensinar português e inglês no município. Desde então,<br />

corre em busca de um novo sonho. “Quero passar a<br />

limpo meus escritos e publicar um livro, nem que seja<br />

mimeografado”. O livro já tem título, “Infância Grande”,<br />

uma série de histórias reais de um sítio-novense com<br />

muita força de vontade.<br />

Julho 2004<br />

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