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Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto

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Preá – O senhor estava com que idade nessa época?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – 28, 29 anos, por aí. Mamãe dizia<br />

que não queria fi lho barrão dentro de casa {risos}. Tinha<br />

uma velha beata, que passava lá em casa, vez por outra, e<br />

ela encarregou essa velha de fazer uma rezas, essas coisas,<br />

para ver se eu me casava. Fui nomeado professor de<br />

Anatomia e Biologia da Escola Doméstica. Anatomia do<br />

lar, digamos assim, lá vou eu ensinar na Escola. Eu deixo<br />

de ser professor e quando foi um dia eu estava com Zilpe,<br />

amiga de família há anos, na rua João Pessoa, onde papai<br />

tinha um consultório e lá ia Sylvia e a mãe passando no<br />

meio da rua. Eu disse: - Olhe Zilpe, está vendo aquela<br />

menina ali, eu vou me casar com ela. – Mas ela é uma<br />

menina ainda, respondeu Zilpe. Ao que eu respondi:<br />

- Mas cresce! Depois de algum tempo nós começamos<br />

a namorar, tivemos um noivado longo, e por isso,<br />

começaram os mexericos, que eu era médico, ganhava<br />

bem, por isso tinha de casar logo; por que não casava<br />

logo, fi cava enganando a menina?<br />

Preá – Entre namoro e noivado durou quanto tempo?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Três anos e meio. Estamos com 36<br />

anos de casados, três fi lhos homens e sete netos.<br />

Preá – O seu pai teve alguma infl uência na sua decisão<br />

de fazer medicina?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Não. Ele me deixou absolutamente<br />

livre para fazer o que eu quisesse. Desde menino que eu<br />

queria ser médico, mas só tomei a decisão na Bahia, onde<br />

estava cursando o 2º grau. Ele não permitiu que eu viesse<br />

fazer vestibular aqui, porque se eu passasse, ele como<br />

Diretor da Faculdade de Medicina, você imagine o que<br />

não iriam dizer. Fiz o curso e quando terminei foi que<br />

vim para Natal.<br />

Preá – O senhor foi diretor do Hospital Walfredo Gurgel<br />

no Governo Cortez Pereira. Como foi essa experiência?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – Foi uma experiência danada. Fui<br />

escolhido por Genibaldo Barros, que era o secretário<br />

de Saúde. Genibaldo havia recebido o hospital do<br />

Governo Monsenhor Walfredo Gurgel e o hospital<br />

estava sem equipamentos, sem nada, só tinha as paredes.<br />

E ele disse: - Nós temos um desafi o, que é o projeto do<br />

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e Cortez quer falar<br />

com você. Fui lá e Cortez me disse que queria que eu<br />

fosse gerente do projeto. – Você me faz um projeto de<br />

funcionamento para aquele hospital, com cinco opções.<br />

Fui lá para dentro, vi o hospital todinho, instalei um<br />

pequeno escritório lá para começar a trabalhar e fi z<br />

cinco projetos. O primeiro era colocar o hospital em<br />

funcionamento de forma parcial e depois ir crescendo à<br />

medida que a demanda fosse aumentando. Ele escolheu<br />

esse primeiro projeto. E me nomeou diretor. Eu tive de<br />

fazer aquisição de material, selecionar o pessoal. Depois<br />

que estava todo mundo selecionado, eu admiti o primeiro<br />

paciente. Cascaviando um lixo que tinha lá atrás do<br />

hospital, encontrei um cepo de madeira, pesadão, aí eu<br />

disse: Está aqui o nosso primeiro paciente. Então, aquele<br />

cepo de madeira deu entrada no hospital, passou pelo<br />

arquivo, foi registrado como primeiro paciente, e eu<br />

supervisionando o funcionamento do hospital baseado<br />

naquilo ali. Esse cepo teve nome, foi para um leito; no<br />

leito ele foi preparado, recebeu medicação, para ver como<br />

o prontuário iria funcionar. Depois que esse prontuário<br />

foi ajustado, levamos esse cepo para a sala de cirurgia, o<br />

operamos, para saber se o centro cirúrgico funcionava,<br />

pós-operatório no CRO, depois demos alta, readmitimos<br />

de novo. E nesse meio termo eu pegava uma folha de<br />

papel, picava todinha e saía desde o térreo até o último<br />

andar espalhando pelos corredores e salas e depois voltava<br />

para saber se o hospital estava limpo {risos}.<br />

Preá – A medicina de Natal hoje está cuidando bem do<br />

cepo?<br />

<strong>Onofre</strong> <strong>Lopes</strong> Jr. – É uma medicina muito boa, nós<br />

temos excelentes hospitais e temos profi ssionais que se<br />

equiparam aos melhores<br />

do mundo. Equipamentos<br />

são lançados na América,<br />

na Europa ou no Japão,<br />

e, no dia seguinte, esses<br />

equipamentos estão<br />

nos hospitais daqui.<br />

A nossa cidade dispõe<br />

hoje de tomografi as<br />

computadorizadas, ressonâncias<br />

magnéticas, coisas<br />

que muita cidade por aí não<br />

tem. Quando eu cheguei<br />

aqui, tendo terminado<br />

o curso na Bahia, o fi o<br />

Julho 2004<br />

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