Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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Escritura Potiguar<br />
Necessidade<br />
Eu não preciso de utopias;<br />
De sangue de inocentes<br />
Sobre meus muros e começos,<br />
Nem inconcebíveis ações.<br />
Eu não preciso da fúria dos dias,<br />
Os seus enjôos, como ovelhas...<br />
Os seus embargos,<br />
Como barcos ao luar!<br />
Eu não preciso do preciso,<br />
Nem necessito do que me necessita;<br />
Do que tem duas antenas e uma forma<br />
Concreta de agir;<br />
Do homem além da imagem,<br />
Da metáfora de teus olhos.<br />
Interior<br />
O Poeta<br />
Que morre em mim,<br />
Traz a marca do silêncio<br />
Que encontro em ti.<br />
Ele caminha, disfarçadamente,<br />
Entre os sentidos<br />
Mais absurdos<br />
Do seu coração.<br />
Mas na luta diária de meu lado<br />
Esquerdo,<br />
Amigo, ele se perde<br />
Entre seu olhar no meu olhar.<br />
Olhar-te, porém, do alto de meu<br />
Disfarce,<br />
Me constrange e me abala<br />
Ou me perfura a carne,<br />
Meu sangue<br />
Banhando<br />
De morte<br />
As calçadas<br />
Alheias;<br />
Os olhares alheios;<br />
Os homens alheios;<br />
As mulheres alheias;<br />
As moças alheias...<br />
O Poeta que mora em mim,<br />
Também se ofende e se agrada.<br />
É ser, como as aves entre os seres.<br />
48 Julho 2004<br />
E eu, que me mapeio<br />
O coração,<br />
Ando perdido,<br />
Canto a canto,<br />
Em teus lençóis;<br />
Em teus espantos!<br />
Esse meu “Eu Poeta”<br />
Que sangra, distante,<br />
Outros meus amigos;<br />
Esse meu “Eu Poeta”<br />
Feito de dor e carne e vestígios;<br />
Esse meu “Eu Poeta”<br />
Que vê além<br />
De meus ouvires,<br />
Me cobre de desafi os e<br />
Pensares...<br />
O pensar ser além<br />
Do homem-Carne;<br />
O pensar ser além<br />
Do homem-Método;<br />
O pensar ser além<br />
Do homem-Máquina,<br />
Me funde em pensamentos;<br />
Me algema em faces<br />
Estranhas<br />
E vivas,<br />
Feito água<br />
No céu<br />
De minha boca.<br />
Mas as palavras<br />
Me atiram fora<br />
O corpo nu;<br />
O corpo do Homem-Natural<br />
Que me obriga,<br />
Do desperdício<br />
Que me custou<br />
Rasgar esse meu tédio<br />
Sobre a cidade,<br />
À implosão de outros<br />
Versos;<br />
De outros estranhos versos<br />
Escritos na sombra daquela<br />
Imagem.