Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto

Hoje, aqueles que lutaram pelo poema/processo - e
agora lutam pela poesia visual - sentem que a relação
tradição/modernidade é algo dinâmico e dialeticamente
produtivo. E investem nas formas culturais produzidas
no Estado. E o que tem Joyce a ver com isso? A rigor,
nada. Mas alguns dos nossos intelectuais - que raramente
se preocupam com a cultura do Estado - têm festejado na
própria Universidade o “dia de Bloom”. Se fosse festejado
no Beco da Lama, ao lado do Grande Ponto, poderia
ter algum sentido... Mas não: fecham-se na Academia e
deixam de lado datas signifi cativas que poderiam lembrar,
entre outros, Jorge Fernandes, Manoel Dantas, Moysés
Sesyom, José Bezerra Gomes, Homero Homem, Zila
Mamede (2003 foi atípico em relação à Zila, assim como
Cascudo fi gura em outro patamar), Berilo Wanderley
e Luís Carlos Guimarães, e preferem homenagear um
escritor que, por mais universal que seja, não tem nada a
nos oferecer enquanto perspectiva criadora.
Culturalmente, Jorge Fernandes e os demais são
muito mais importantes para nós, nordestinos do Rio
Grande do Norte. Assim como mais importantes são os
pernambucanos João Cabral, Manuel Bandeira e Carlos
Pena Filho e os paraibanos José Lins do Rego, Augusto
dos Anjos e Manuel Camilo dos Santos, além do alagoano
Graciliano Ramos e o piauiense Torquato Neto. Decerto,
cearenses, sergipanos e maranhenses também merecem
ser citados.
Ainda bem que o poeta Diógenes da Cunha Lima
lançou a idéia de se comemorar em Natal o “Dia do
Poeta Potiguar”. Uma data já foi escolhida: 23 de maio,
que marca o nascimento do currais-novense Luís Carlos
Guimarães. Já temos o 14 de março como o Dia da Poesia
(em âmbito nacional), agora teremos o 23 de maio como
o Dia do Poeta Potiguar. Muito mais rico e estimulante do
que qualquer Bloomsday.
Zila Mamede
Jorge Fernandes
Luís Carlos Guimarães
Julho 2004
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