Onofre Lopes Júnior - Fundação Jose Augusto
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Sítio Novo - A arte que brota entre as serras<br />
Desenhista sonha com carreira militar<br />
Desenhar é mais do que um passatempo de adolescente<br />
para Roni Erick Gomes da Silva. O estudante de 18 anos<br />
só precisa de uma caneta esferográfi ca e um pedacinho de<br />
papel para mostrar sua criatividade. Os desenhos retratam<br />
vales de dinossauros, montanhas e paisagens semelhantes<br />
às da Serra da Tapuia.<br />
Roni nunca estudou técnica de desenho, mas desde<br />
os oito anos vem desenvolvendo um estilo próprio de<br />
ilustrar cenários criados por ele mesmo. Alguns desenhos<br />
com animais pré-históricos parecem retratar o passado da<br />
Serra da Tapuia.<br />
O avô do jovem desenhista, José Severino Gomes, 70<br />
anos, conhecido por todos na Serra como Zé Roga, fazia<br />
até bem pouco tempo talhas em madeira. “Não fi z mais<br />
por causa da vista”, explica. Roga era especialista em<br />
esculpir pés, mãos e cabeças para pagadores de promessa<br />
levar até o Cruzeiro de São Francisco, em Sítio Novo, e<br />
até para a estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte,<br />
no Ceará.<br />
As talhas do avô e seus desenhos decoram a sala da casa do<br />
estudante. Roni pretende aprimorar seus desenhos, mas<br />
também almeja conseguir uma ocupação estável. “Meu<br />
sonho é seguir a carreira militar. O outro é desenvolver<br />
minha técnica de desenho e também telas”.<br />
80 Julho 2004<br />
Dedé se ampara na música e na fé<br />
A música e a fé sempre fi zeram parte da família de<br />
José Desidério Santos Neto, o Dedé, sanfoneiro mais<br />
respeitado de Sítio Novo e arredores. Dedé conviveu seus<br />
49 anos com a cegueira e descobriu através da música o<br />
quanto é talentoso. A mãe Maria da Conceição Desidério,<br />
devota do padroeiro São Sebastião, encontrou na fé a<br />
força para apoiar o fi lho defi ciente visual.<br />
A primeira sanfona de Dedé, menor do que a atual,<br />
tinha 48 baixos.“Comecei a tocar muito novo”, diz. O<br />
sanfoneiro lembra dos antigos forrós no Sítio Primavera.<br />
“Tocava no forró do sítio e passei a tocar também nas<br />
campanhas políticas”.<br />
José Desidério mora com a mãe no centro de Sítio Novo.<br />
A bandeira de São Sebastião, usada para forrar uma<br />
mesinha na sala com as imagens de Nossa Senhora de<br />
Fátima e Frei Damião, simboliza a devoção da família<br />
pelo padroeiro do município. O pai Pedro Desidério, um<br />
ex-agricultor, faleceu em março deste ano.<br />
Dedé chegou a pensar em abandonar a carreira, mas<br />
reconheceu que sem o som da sanfona sua vida seria<br />
mais triste. A sanfona de 80 baixos, encostada por dois<br />
meses em respeito à memória do pai, voltou a animar o<br />
forró dos idosos, todos os sábados no clube municipal.<br />
O sanfoneiro coloca os idosos para dançar forró ao som<br />
dos maiores sucessos de Luis Gonzaga e Dominguinhos.<br />
“Chorinho também é bom e sempre toco”.