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Janeiro de 2009
A primeira impressão é a que fica
A plateia era boa! Mas parecia não inflamar, embora rissem bastante. Tinha programado uns seis
minutos novos, mas acabou que iria fechar o show e o texto ainda não estava bem ensaiado. Portanto,
decidi não fazer muitas das piadas para não ficar com uma má impressão.
Parece que o velho ditado exprime uma sabedoria antiga. A primeira impressão deixada por uma piada
pode influenciar o futuro dela. Gargalhadas e aplausos vão lhe dar um status capaz de sobreviver a duas
silenciosas derrotas nas próximas subidas ao palco. E leves risadas e fracas reações podem ser sua
primeira e última aparição em público. Avalie a situação em que está colocando suas piadas novas.
Plateias que riem de tudo não servem de parâmetro. Públicos pequenos e tímidos também não. Uma boa
forma de mensurar piadas novas é avaliar a reação de uma piada velha para servir como referência.
Reação que costuma ter Reação com a plateia de hoje
Piada velha 4 2
Piada velha 3 1
Piada velha 2 2
Piada nova - 1
Em uma escala de 1 a 5, a piada nova não foi muito bem, porém, ao estabelecer um comparativo com
uma antiga é possível visualizar que o problema pode não estar na piada e sim na plateia. Conceda à
piada o beneficio da dúvida e leve-a aos palcos mais uma vez.
Quando uma piada é nova você não tem parâmetros para saber a força dela. Nesse caso, compare a reação dela com a de outras piadas, suas
ou de colegas, que você já conhece a reação que costumam arrancar.
(16/4/2009)
Aprenda a escutar
Errei o tempo em duas piadas aqui (a do número primo e a da Guerra dos Cem Anos). O público riu
na hora que falei “Viram, é fácil”, e assim que terminei o punch line (raiz cúbica...) as risadas
diminuíram um pouco. Quando falei da Guerra dos Cem Anos, eu dei uma acelerada no final nas
piadas de história em virtude do tempo. É bom apurar o ouvido. Se rirem de algo, explore isso. Se
determinada piada não entra muito forte, vá para outra. Fique com o ouvido atento à plateia, ela é seu
guia.
Comentei brevemente sobre a importância de ouvir a plateia em meu primeiro livro (tópico “Estender
a piada”, de julho de 2007), mas, dada a importância desse elemento, ele merece uma abordagem mais
aprofundada. O ouvido de um comediante deve estar atento às risadas da plateia assim como o de um
músico às notas musicais. A audição é a responsável por guiar a piada, pois determina sua elasticidade,