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Tripé da Comédia (PE)... E mais: Estação Stand-up, Sushi com Comédia, Comédia na Grelha, C.D.F.
Comédia de Faculdade, Divina Comédia, Humor de Salto, Humor de Quinta... Esse momento histórico
perdurou cerca de sete anos, de 2005 a 2011. Ao longo desse tempo muitos grupos foram desfeitos e, em
2011, os dois primeiros e mais tradicionais, Comédia em Pé e Clube da Comédia, indicaram o fim de
uma era. O Clube encerrou suas atividades, e o Comédia em Pé passou por mudanças em quase todo o
elenco.
A exposição na TV restringiu o tempo dos humoristas e abriu portas para a carreira solo. Esse foi o
principal fator que levou à extinção de alguns grupos. Outro fragmento do meteoro que acabou com a era
dos grupos foi o fim da novidade. Assim que o stand-up surgiu, atraiu muitos curiosos, mas passados
alguns anos essas pessoas mataram a curiosidade e foram à procura de outra novidade. O público fiel de
comédia permaneceu, mas, sem a presença dos curiosos, houve redução nas plateias de stand-up. O
comediante Alisson Vilela me disse que colocava mais de duzentas pessoas em um bar em João Pessoa
sem nenhum comediante famoso no elenco; anos depois, com esforço, colocava setenta pessoas.
O terceiro fragmento do meteoro foi a abertura de casas voltadas para shows de stand-up, como o
Comedians Club, em São Paulo. O Comedians se tornou uma atração turística, concentrou os fãs do
gênero e reduziu ainda mais o público de curiosos nos outros shows. Os comedy clubs são a engrenagem
que move o stand-up em diversas cidades ao redor do mundo, como em Nova York, Chicago, Londres,
Cairo, Dublin. Alguns grupos ainda lutam e sobrevivem no Brasil, mas a era de ouro ficou no passado.
Não abrir com material novo
Apesar de ser um dos truques mais velhos de cair, vi amigos com experiência sofrerem com isso. É
muito melhor fazer piadas velhas-novas-velhas do que fazer piadas novas-velhas-velhas ou piadas
velhas-velhas-novas.
Nesse show todos optaram por abrir com piadas novas, isso deixou a plateia embaixo e, quando
chegaram as piadas velhas e garantidas, a reação foi mais fraca.
Diversos livros e vídeos sobre stand-up falam para não abrir com material novo. Portanto, para que
essa obra não fique de fora desse velho ditado da comédia, ei-lo aqui. O grande problema de abrir com
material novo é a imprevisibilidade da piada. Um texto conhecido pode arrancar diferentes reações, mas
dificilmente a resposta terá um espectro de variação que vá desde aplausos e urros até silêncio e vaias.
A piada funciona em determinado grau de reação. A piada nova não tem histórico, ela é uma incógnita.
Uma reação fraca com essa piada pode significar que ela é fraca, que a plateia não esteja boa, que o tema
está saturado, que uma parecida já foi feita por outro comediante. Quando conhecemos a piada podemos
eliminar algumas das alternativas acima. Veja o exemplo a seguir:
No museu do Ripley eu vi uma família em que todo mundo nascia com 13 dedos em cada mão.
Treze em cada mão!!! Já pensou eles brincando: ‘Adedaaaaanhá... mil cento e vinte e oito... um,
dois, três...’. É meia hora pra começar a brincadeira. (Léo Lins)
Se estivesse contando essa piada pela primeira vez e ficasse sem reação, teria poucas pistas para
identificar o motivo. A partir do momento em que já a contei, se ela der errado dificilmente é porque
alguém já tenha feito uma parecida no mesmo show, pois o tópico não é dos mais comuns e a observação
não é das mais triviais. Se o problema não está na piada nem na coincidência de uma parecida, talvez