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sem plateia e apresentador ruim. Nessa situação o melhor a ser feito é tentar soltar as piadas como se
fossem meros comentários, como se a sua intenção não fosse a de provocar o riso. Dessa forma, o
comediante se protege da ausência de reação de seu interlocutor. Se o apresentador for bom, ele fará o
papel da plateia, e a responsabilidade do sucesso mais uma vez recai sobre os ombros do humorista,
visto que o apresentador já está fazendo a parte dele. Um bom apresentador pode até compensar uma
plateia ruim (cenário 6), pois, mesmo sem grandes reações do público, o apresentador está com o
microfone, logo, o som da risada dele transparece mais do que o da plateia.
É importante ressaltar que as variáveis levadas em consideração aqui são: apresentador e plateia.
Estou partindo do princípio que a performance do comediante é boa, do contrário não adianta ter um bom
apresentador nem a melhor plateia. Um apresentador que ri de modo forçado para não deixar o clima da
apresentação constrangedor está longe do cenário ideal. Também não adianta um bom show e boas
reações da plateia se essas reações não aparecem nem são ouvidas no vídeo. Já fiz participações em
programas em que, no estúdio, a plateia ria bastante, mas como o áudio deles não foi bem captado,
quando assisti ao vídeo depois parecia que algumas piadas não tinham funcionado.
O próximo cenário é o 7: apresentador ruim e plateia ruim. A pior das situações junto com
apresentador ruim e sem plateia. A melhor saída para essa armadilha é usar a estratégia citada
anteriormente: soltar as piadas como se fossem meros comentários, como se a sua intenção não fosse a de
provocar o riso. Na oitava hipótese, com plateia boa e apresentador ruim, basta ignorar a ausência de
reação do apresentador e contar as piadas para a plateia. E o último cenário, plateia boa e apresentador
bom, não oferece nenhum perigo, dispare suas piadas e explore ao máximo a oportunidade.
Manual do entrevistado II
Alguns programas fazem uma pré-entrevista, ou seja, alguém da produção entra em contato com o
humorista para saber histórias ou fatos curiosos que podem ser abordados durante a entrevista. Quando
fui ao Programa do Jô pela primeira vez tive a sorte de ir com o grupo Comédia em Pé. Se, por um lado,
o tempo disponível acabou sendo divido por quatro (eu, Fábio Porchat, Claudio Torres Gonzaga e Paulo
Carvalho), por outro, não poderia ter todo o tempo para mim, pois naquela época ainda não tinha
experiência para explorar a oportunidade da melhor maneira. Como tive um quarto do tempo fui pontual e
consegui ser engraçado nesse breve período.
Passei por essa pré-entrevista antes de ir ao Jô, contei histórias engraçadas, falei que já tinha
trabalhado em escolas, dado aulas de capoeira etc. Mas o principal eu não fiz: dar as deixas para as
piadas que pretendia fazer na entrevista. O certo seria nessa pré-entrevista ter falado que eu tenho um
gato em casa e tenho piadas sobre as diferenças entre gato e cachorro e sobre outros bichos, uma delas é:
Cachorro e gato são os animais mais comuns que a gente tem em casa e cada um tem sua
particularidade. O cachorro é como se fosse seu filho, ele é uma criança, ele quer brincar o tempo
inteiro, ele quer te abraçar, ele quer pular... O gato é como se fosse... o seu avô, ele te vê, e matou
a saudade: ‘Vou comer e dormir, me acorda no lanche’. (Léo Lins)
Com essa informação em mãos o produtor a repassa para o redator, que ao escrever a pauta da
entrevista incluirá alguma pergunta para “levantar” para a piada do gato. “Levantar” é um termo utilizado
entre os comediantes para simbolizar o ato responsável por designar o momento de entrar com