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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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Os livros de comédia falam sobre técnicas para escrever, postura no palco, cuidados com a carreira,

mas até agora não li sequer um que tenha oferecido técnicas para reter as piadas na memória. O

comediante não é um malabarista, ele entretém com palavras e não com objetos. Um show solo de standup

tem mais de vinte páginas de texto. Portanto, considerei importante incluir um tópico sobre

memorização. Vou abordar brevemente o assunto. Caso queira saber mais, procure literatura específica.

Talvez você já tenha escutado alguém dizer “Não gaste sua memória com bobeira” ou “Não fique

forçando a memória”. A memória é como um músculo: se não for exercitada, ela atrofia. É tolice achar

que a mente humana é como o HD de um computador, que tem determinado número de gigabytes, que em

algum momento vai encher, e para guardar uma nova informação teremos que apagar outra.

As técnicas de memorização são chamadas de mnemônica, palavra derivada do nome da deusa grega

da memória, Mnemosine. Um recurso mnemônico é qualquer ferramenta que o ajude a se lembrar de algo

mais facilmente. Existem diversas técnicas. Na Grécia antiga as pessoas já utilizavam sistemas de

memorização, porém hoje tais ferramentas são pouco usadas ou fazemos uso sem nem percebermos.

Por exemplo: O mês de junho tem trinta ou 31 dias?

Para saber quantos dias cada mês possui, algumas pessoas cerram o punho e contam nas falanges

proximais dos dedos. Os meses sobre os ossos têm 31 e as depressões entre um osso e o outro tem trinta.

Essa associação dos meses com partes da mão é uma técnica de memorização.

Agora responda: Como é o mapa da Inglaterra?

Não sabe? Mas se a pergunta fosse esta: “Como é o mapa da Itália?”. A maioria sabe, pois ele se

assemelha a uma bota. Essa associação de imagens é uma técnica de memorização.

Você deve estar pensando: “Como isso vai me ajudar a memorizar um texto?”.

Nossa memória retém informações visuais. O mapa da Inglaterra é algo abstrato, já o da Itália desperta

uma imagem, a da bota. Portanto, para memorizar devemos criar imagens. E quanto mais esdrúxula for a

imagem, mais fácil será sua memorização. Certa vez, lembro-me de um homem-estátua entrar no ônibus,

não me recordo do rosto do cobrador, nem de nenhum outro passageiro. Isso já faz anos, mas não me

esqueci da estátua entrando no ônibus. Outra cena que ficou tatuada em minha memória é a do dia em que

estava em uma Kombi voltando de um show na zona sul do Rio de Janeiro. Uma hora da manhã, estava

tocando a música Eguinha Pocotó e, de repente, um cavalo ultrapassou a Kombi pela pista da esquerda.

Se em vez do cavalo fosse uma moto, com certeza essa imagem já teria ido embora da minha memória.

Mas chega de exemplos e vamos à prática. Veja as piadas a seguir:

Sabiam que o segundo esporte olímpico mais praticado é o tênis? Como alguém gosta disso? Eu

acho um saco. O tênis é tão chato, que 1 ponto vale 15... Pra acabar mais rápido...

– Quanto tá o jogo?

– 3 X 0.

– 3 não, marca 40, vamos acabar logo isso.

E o esporte não olímpico mais praticado é o xadrez. Eu não sei por que o xadrez continuou

existindo. Dizem que ele foi criado por um indiano pra agradar um rei, que gostou tanto a ponto de

dar um prêmio para o inventor. Se fosse eu no lugar do rei mandava matar o cidadão. Ia falar o

seguinte:

– Quer dizer que as peças se mexem pra defender o rei?

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