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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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longo de sua apresentação.

Cuidado para não fazer perguntas sem objetividade:

Comediante: Ontem eu fui ao médico... Tem algum médico na plateia?

Espectador levanta a mão.

Comediante: Assim que entrei no consultório...

Por que perguntar se tinha um médico se nada foi feito com essa informação?! O comediante, na

tentativa de envolver a plateia, ao fazer uma pergunta acabou deixando a plateia mais afastada ao ignorar

a resposta.

Se o público estiver acanhado, converse com ele. Se alguém levantou para ir ao banheiro, tropeçou e

caiu, não ignore esse fato. Interação e envolvimento da plateia são habilidades desenvolvidas com o

tempo e a prática.

Curtir a cena

Essa foi uma lição que aprendi observando o Damon Wayans. Ele faz muitas encenações, mas ele as

“curte”. Quando faz a bicha subindo no banquinho na piada do Magic Johnson, ele não sobe rápido,

vai fazendo em ritmo normal e as pessoas riem disso.

Ações físicas acompanhadas ou não de fala devem ser devidamente exploradas. Veja esta piada:

O cara quando tá com fone de ouvido fica todo malandro, começa a andar diferente [anda curtindo

uma música], ele começa a fazer uns movimentos que não têm a ver com andar na rua [faz um

gesto]. Vira a esquina diferente [vira o corpo], faz sinal pra chamar o ônibus [faz um movimento

ondulatório de um braço ao outro pra chamar o ônibus]. (Murilo Couto)

As partes sublinhadas são os punch lines, repare que o setup envolve uma parte textual e física e o

punch é apenas um gesto. Acelerar esse gesto é o mesmo que falar rápido demais uma frase, isso diminui

o impacto da piada. Não realizar o gesto com clareza é o mesmo que embolar palavras.

Assim como uma palavra pode aumentar o impacto de um punch textual, um gesto também pode

reforçar um punch físico. Por exemplo, para ilustrar o cara com fone de ouvido chamando um ônibus,

Murilo Couto optou pelo seguinte gesto: ele estende o braço esquerdo e inicia um movimento ondulatório

até a mão direita, que termina mexendo para cima e para baixo com o indicador estendido. Esse punch

line é visualmente engraçado e não foi fruto do acaso. O gesto ondulatório de um braço para o outro é um

movimento clássico de dança, muito utilizado no hip-hop, e o braço estendido com o indicador apontado

é o sinal para chamar um ônibus. Murilo combinou essas duas ações para fazer seu punch line (ou seria

punch action?!). Será que esse é o único punch possível para essa piada? Com certeza não. Portanto,

observe suas piadas e fique atento para as ações que elas despertam. Explore cada um dos gestos, fique

atento ao timing e procure lapidar seus movimentos, assim como o texto.

Encontre pontos promissores na piada

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