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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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que “levanta” — erguer é uma palavra mais rara em nosso cotidiano, levantar é algo muito normal no dia

a dia, e uma piroca gigante não é algo convencional. Logo, ela não se levanta, ela se ergue. Troque todas

essas palavras na mesma piada e ela perde força:

Andei reparando... Esses atores de filme pornô... Os caras têm uns paus, né?! Parece que

alimentaram, deram ração, o negócio é um animal... Ele não fica em pé, ele se levanta.

A piada não deixa de funcionar, mas palavras mais adequadas aumentam o impacto. Algumas palavras

realmente são mais engraçadas do que outras, porém, às vezes depende do contexto. Na piada acima,

bicho é melhor que animal, mas isso não significa que sempre a substituir palavra “animal” por “bicho”

deixará a piada mais engraçada.

Por último, o duplo sentido. Geralmente o duplo sentido envolve um homônimo ou um parônimo,

afinal, compreende uma palavra que pode representar mais de um sentido.

Sou tão hipocondríaca que me apaixonei por um professor de caratê porque ele disse que era faixa

preta. (Marcela Leal)

A expressão “faixa preta” pode designar remédio, ou o estágio de aprendizado de um lutador de caratê.

Misdirection

Esse termo é muito comum entre mágicos e é interpretado como “direção errada” ou “desvio de

atenção”. O termo “direção errada” é considerado inadequado por alguns, pois induzir a atenção do

espectador para o local desejado não é o errado e sim o certo. Portanto, “desvio de atenção” é mais

correto: o mágico faz o espectador acreditar que sua atenção deve ser direcionada para o ponto A,

quando algo surge no ponto B é uma surpresa. Isso é o que o comediante faz por meio de palavras. O

setup de uma piada faz a atenção do espectador ficar no ponto A, assim, quando o punch line surge no

ponto B, é uma surpresa.

A sátira é uma das formas de manipular a atenção do espectador. A sátira está próxima da paródia, a

diferença entre elas é que a paródia é imitativa por definição. A sátira, não necessariamente.

Tudo com a medicina é complicado. Outro dia fui cancelar um plano de saúde, liguei lá, não podia.

Eles exigiam uma carta escrita à mão... Carta??!! Pero Vaz de Caminha se consulta aí?! Tem que

ligar, mandar carta, explicar... é pior que terminar um namoro. Meu medo era dois dias depois

tocar meu telefone:

– Bom dia, senhor, aqui é o plano de saúde. O que você acha da gente voltar?

– Não... Eu, quero ficar sozinho agora... A gente já estava numa rotina.

– Foi alguma coisa que nós fizemos, senhor? Foram os seiscentos reais da consulta? Nós temos um

plano com desconto, aquilo nunca mais vai acontecer.

– Não, não é isso, não é nada com vocês, o problema é comigo...

– O senhor já está com outro plano, não é, senhor?! (Léo Lins)

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