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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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se estivesse jogando um jogo da memória, em que tem uma piada sobre advogado e agora precisa

encontrar um advogado na plateia para formar o par.

– Você trabalha com o quê?

– Faço transporte de produtos químicos.

– E você trabalha com o quê?

– Sou engenheira ambiental.

– E você trabalha com o quê?

– No momento só estudo.

...

A falta de piadas para cada uma das respostas reduzirá o ritmo do show. É preciso ter recursos para

interagir com a plateia. Por exemplo, sempre que alguém responde uma profissão cuja imagem é de ser

uma ocupacão difícil e entediante, tenho a seguinte saída:

Léo: Você trabalha com o quê?

Espectador: Sou físico.

Léo: Você sempre gostou disso desde criança?

Espectador: Sim...

Léo: Você não tinha muitos amigos, né?!

É possível estar preparado para diversas situações. Se vejo um homem e uma mulher juntos que não

são um casal, tenho a seguinte saída:

Léo: Vocês estão namorando, são casados...?

Homem: Não, somos só amigos.

Léo: Quem pagou as entradas pra vir ao show?

Homem: Eu.

Léo (fala para a mulher): Então ele quer te comer.

Léo: Quem pagou as entradas pra vir ao show?

Homem: Cada um pagou a sua.

Léo: Então não vai comer.

Até hoje não vi a mulher falar que pagou as duas, mas já tenho algumas coisas em mente para

responder caso isso aconteça. Lembro-me de ver um show em Fortaleza com a Rossicléa e ela

improvisava um bom tempo com a plateia, mas várias piadas já estavam prontas. Por exemplo, quando

percebia que alguém ia ao banheiro, ela parava e ficava olhando, isso já é uma piada. E aí perguntava o

óbvio: “Vai no banheiro?”, que já é uma segunda piada, pois normalmente vamos discretamente ao

banheiro, e a humorista chamou a atenção de todos para ver a pessoa entrar no toalete. Depois que a

pessoa respondia, ela falava: “Se demorar é porque foi cagar...”. Quando a pessoa saía do banheiro ela

perguntava: “Lavou a mão?”. Toda essa sequência de piadas parece improvisada para o público, e de

fato um dia ela foi improvisada. Desse dia em diante se tornou um recurso para improvisar com a plateia

e provocar a chamada espontaneidade planejada.

A espontaneidade planejada cria a ilusão de improviso mediante uma situação totalmente sob controle.

Essas cartas na manga devem ser utilizadas quando uma piada genuinamente improvisada não é obtida.

Elas servem para impedir a queda do ritmo e lhe garantem mais tempo para improvisar.

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