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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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maior... Porque tem bala perdida.

Pode não ser uma grande piada, mas como já foi dito, o grau de exigência da plateia é menor quando se

está improvisando. E repare também que a cada nova pergunta uma piada também é feita, por mais

simples que seja:

– Você é de onde?

– Espírito Santo.

– Amém... Piada idiota...

Essa piada não vai arrancar grandes risos nem deve ser feita com ênfase. Mas já que é a vez de o

comediante falar, não custa aproveitar essa oportunidade para fazer uma piada antes de jogar uma nova

pergunta. Na segunda vez, a mesma estratégia foi utilizada: “Saiu do Espírito Santo por quê?”. Essa é a

pergunta que vai me fornecer o material para improvisar uma piada, mas aproveitei que tenho a palavra e

emendei: “Percebeu que lá não tinha nada?”. Se essa última frase soará agressiva depende do seu tom.

Supondo que o espectador responda: “Lá é muito bom”. Já tem outra piada pronta: “Eu sei, lá é tão bom

que você foi embora...”.

Cada pergunta lhe fornecerá material bruto para ser transformado em piada. A qualidade desse

material está diretamente ligada a essas perguntas.

Metodologias de interação

Há duas metodologias de pesquisa amplamente empregadas em trabalhos: dedução e indução.

O método dedutivo parte de um caso geral para um caso específico. Veja os exemplos a seguir:

• Todo metal conduz eletricidade. O mercúrio é um metal. Logo, o mercúrio conduz eletricidade.

• Todo baiano é preguiçoso. O Caetano Veloso é baiano. Logo, o Caetano é preguiçoso.

O método indutivo é o oposto, ele parte de um caso específico para o geral. Veja:

• O corvo número 1 é negro, o corvo número 2 é negro, o corvo número 3 é negro... Então todos os

corvos são negros.

• O jogador de futebol número 1 saiu com travesti, o jogador de futebol número 2 saiu com travesti, o

jogador de futebol número 3 saiu com travesti... Então todos os jogadores de futebol saem com travesti.

Essas duas metodologias científicas são ótimas ferramentas para gerar piadas. Veja o seguinte diálogo

que tive com um espectador:

– Você já reprovou algum aluno?

– Já.

– Já?! Ele responde com orgulho... Que filho da puta!

Essa piada sempre gera risadas no público, afinal de contas, uma simples resposta valer um

xingamento é uma reação hiperbólica e eu estou deduzindo que esse professor é um daqueles que

reprovava alunos por puro prazer. Veja o raciocínio: todos os professores que reprovam alunos são

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