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Situações como essa despertam um sentimento de impotência, simplesmente não está ao seu alcance
reverter a situação. Já dizia o livro de Sun Tzu, A arte da guerra, mantenha seus amigos próximos e seus
inimigos mais próximos ainda. Portanto, empenhei-me em traçar um perfil da “plateia difícil”. Quanto
melhor conhecer esse inimigo, mais preparado estarei para enfrentá-lo. Shows lotados e públicos
populares são características que nunca aparecerão no perfil da “plateia difícil”, os traços mais comuns
são:
• Público inferior a 30% da capacidade do local do show;
• Plateia espalhada pelo ambiente;
• Média de idade do público superior a quarenta anos.
Nunca é um sentimento agradável se deparar com a plateia difícil. Eis uma cena que todo comediante
já passou: você está a caminho do bar ou do teatro e quando entra no local do show vê muitas mesas
vazias, alguns casais e pequenos grupos de pessoas engravatadas espalhadas pelo ambiente. O texto novo
que pretendia fazer dificilmente sairá do papel hoje. O palco se torna uma arena, você precisa sacar suas
piadas mais afiadas e redobrar a atenção.
Os novatos dificilmente sobrevivem a essa batalha, pois a experiência é indispensável para reverter
essa situação. O que eles querem? Piadas mais limpas ou com palavrão? Será que estão abertos à
interação? Você precisará ser ágil — hesitação ou qualquer demonstração de insegurança pode dar força
ao seu adversário. Gaguejar a piada é como tremer com a espada na mão. É preciso encontrar o ponto
fraco do adversário. A cada piada certeira, sua confiança cresce e, num momento, o adversário cai. Ao
sair do palco, alívio, alegria e satisfação são os espólios do combate.
Além de procurar o ponto fraco da plateia difícil, variando temas, piadas e buscando interação, há
outros recursos ao seu alcance. Se o público estiver espalhado, ao começar o show converse com eles e
peça para se sentarem mais perto do palco, diga que não precisam ficar com medo. Faça alguma piada ao
interagir com a plateia, isso ajuda a quebrar o gelo e pode começar a reverter a situação a seu favor. Ter
alguém puxando um aplauso ou mesmo comentar abertamente: “Quando gostarem de uma piada podem
bater palmas... isso não me atrapalha, aliás, pelo contrário, ajuda”. Se conseguir fazer esses comentários
em forma de piada, fica ainda melhor:
O aplauso mostra que vocês estão gostando... O Tony Ramos uma vez falou que o aplauso é o
oxigênio do artista. O dia que eu o vir se afogando vou começar a bater palmas. (Léo Lins)
Já vi apresentações nas quais um aplauso tirou a plateia do estado de catalepsia. Dali para a frente o
show mudou radicalmente e o resultado final foi de alívio, alegria e satisfação.
Ganhe a plateia
Entrei esperando uma coisa e a plateia foi outra, deu pra ver na primeira piada. Quando isso
acontecer novamente siga em frente e não se importe. O fato de não se importar, não significa abrir
mão de seu trabalho de entreter o público, por mais apático ou difícil que ele esteja.