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É errado, igualmente. A diferença é que esse comediante já tem uma carreira consolidada e você está
tentando começar uma.
Depois dos open mics, você precisa se apresentar por mais tempo no palco, é o momento de criar seu
show com outros iniciantes ou conseguir participações em shows menores. Não queira, após três meses
de experiência em palco, se apresentar no melhor show da cidade. Já vi pessoas conseguirem ótimas
oportunidades cedo demais. Isso também serve para fechar portas.
Vamos supor que, após muito perturbar ou por ter um grande contato, você consiga uma oportunidade
de fazer show em um bar lotado e sua apresentação não seja muito boa no dia. Vai demorar muito para
voltar nesse lugar. Um ano vai se passar, você vai melhorar, mas a imagem que deixou não foi boa e
dificilmente as pessoas vão pensar: já se passou um ano, ele deve estar melhor, vamos marcar de novo.
Suba um degrau de cada vez.
Lembro de ver o Daniel Duncan se apresentando em Brasília. Ele tinha um estilo próprio e boas
piadas. Ficou na capital federal um bom tempo e vários comediantes que passavam por lá achavam ele
bom. Quando foi para São Paulo e para outros estados, já tinha um voto de confiança. O mesmo
aconteceu com Afonso Padilha, de Curitiba, Paulo Vieira, de Palmas, e Lucas Moreira, do Rio. Vocês
acham que Palmas tinha um cenário de stand-up? A primeira vez de Paulo foi um open, quando o
Comédia em Pé esteve lá. Como ele conseguiu esse open? Ele era amigo de uma das produtoras que
estava levando o Comédia em Pé. Aí você pensa: “Ah, mas assim é fácil, amigo do dono...”. O contato
pode ajudar a conseguir a oportunidade, mas se ele não estivesse preparado e com boas piadas, esse
open mic teria fechado várias portas em vez de abrir alguma.
Muitas vezes, quando viajo com show solo, sempre tem humoristas locais que vão a todas as
apresentações de stand-up e já conhecem o produtor responsável por levar os comediantes. O contato
com o produtor pode ajudar a conseguir um local para shows semanais ou abrir o show de comediantes
que se apresentem na cidade. Mas nem sempre essa oportunidade é benéfica. Certa vez, um comediante
local abriu meu show e contou várias piadas de outros comediantes amigos meus. Qualquer porta que
poderia abrir para esse cidadão fiz questão de deixar fechada, soldada e blindada.
Continuando com o check-list:
• Fiz alguns open mics e me saí bem na maioria deles;
• Estou fazendo apresentações com outros grupos e conhecendo vários comediantes e produtores.
A partir daí, basta continuar com um bom trabalho. Se fizer boas apresentações, em algum momento
será notado. Aproveite principalmente quando o show contar com a presença de alguém que pode lhe
indicar para se apresentar em outro local. Se, por acaso, fizer um show com um comediante experiente ou
um produtor responsável por vários humoristas estiver presente, não é o dia de testar uma entrada nova.
Faça uma boa apresentação, pois ela pode lhe abrir outras portas.
Após tudo isso, já pode considerar que está no circuito do stand-up. Sou capaz de dizer que cinco anos
é tempo suficiente para sair do zero e fazer parte do mercado profissional. Em cinco anos você poderá
viajar fazendo shows em grupo, ter um bom show solo, participar de algum programa em rede nacional e,
quem sabe, até trabalhar em um deles.
E quando a piada não funciona?
Este tópico foi abordado em meu primeiro livro, mas como é uma dúvida frequente, não custa repetir
aqui. Basicamente você mantem duas saídas, uma delas é: assumir a falha. Contou a piada e ninguém riu,
assuma isso. Basta dizer: “Esta piada foi muito ruim”. Isso faz as pessoas rirem. É como se o silêncio
diante da piada fracassada fosse o setup do punch line que assume o fracasso.