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70.
Situação 2
Público: 400 pessoas
Quantas devem assistir ao meu show novamente: 8
Ou seja, 2% deste público vai me ver nos palcos novamente.
Isso quer dizer que, de 0 a 100, meu grau de exigência ao selecionar as piadas para esse show deve ser
98.
A situação 1 é mais frequente em teatros, onde você está em cartaz semanalmente. Quando eu me
apresentava com o Comédia em Pé no Rio de Janeiro, ficamos em cartaz intermitentemente, e o ingresso
valia desconto para retornar ao show. Isso fazia com que muitas pessoas viessem nos assistir de novo.
Por conta disso, eu procurava trocar as piadas o máximo possível.
A situação 2 é mais frequente em shows fora do seu estado, como o meu caso em Palmas, Porto Velho,
Fortaleza... Nessas situações não há razão para colocar a troca de textos acima da reação que um texto
provoca.
Com base nesses casos concluí que: o percentual de vezes que a maior parte do público vai lhe ver de
novo é inversamente proporcional ao nível de seleção de suas piadas. Contudo, após alguns anos percebi
que essa equação apenas serve para ilustrar o seguinte: textos mais fracos devem ser feitos apenas “em
casa”, ou seja, nos locais onde se apresenta com frequência. Nos shows esporádicos utilize as melhores
piadas. No entanto, os textos mais fracos feitos “em casa” devem ser aprimorados para que também
possam ser apresentados em qualquer show. Caso contrário, abandone essas piadas. Lembre-se de que
um dia há chance de você não ter um local fixo para se apresentar, logo, o objetivo a se alcançar é que
todas as suas piadas estejam aptas para qualquer bar ou teatro. E, quando precisar testar piadas novas,
procure fazer isso no lugar onde se apresenta com mais frequência.
Agosto de 2009
Envolver a plateia
O fato de fazer perguntas e o pessoal não responder e na terceira pergunta todos já responderem é
um fator legal de mexer com a plateia. É interessante desenvolver essas habilidades para envolver o
público.
O stand-up é diferente de uma peça teatral, em que há o que é chamado de quarta parede, ou seja, uma
parede invisível entre o público e os atores. A comédia stand-up é um diálogo com a plateia. O
comediante fala, eles respondem rindo, ele fala de novo, o público ri mais uma vez. Portanto, é muito
importante envolver a plateia no seu show. Já presenciei comediantes que recitavam o texto
independentemente da reação do público, que inevitavelmente acaba perdendo o interesse. O comediante
e ator Marcio Ribeiro uma vez entrou no show e falou para a primeira mesa: “Estou com uma puta sede,
posso beber?”. Ao receber uma resposta positiva, ele pegou o copo da mesa e bebeu. Marco Luque faz
aquecimentos com a plateia que geram ótimas situações para piadas. Marcelo Marrom combina sinais,
por exemplo, ao mexer a cabeça eles devem bater palmas e isso é usado como recurso para piadas ao