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entrevista do humorista sério se interessou em ir ao show dele.
O sucesso da entrevista dependerá do entrevistado e do programa. Ao participar de um programa, as
piadas podem ser feitas basicamente de duas formas: você pode fazer um stand-up no formato clássico,
ou seja, de pé com microfone na mão; ou fazer o que os norte-americanos chamam de doing panel e nós
chamamos de “dar texto”, que significa contar as piadas em forma de bate-papo durante a entrevista.
Dependendo do programa, ele pode ou não ter uma plateia, que pode ser boa ou ruim. Fazer stand-up
em um programa funciona quando ele tem uma plateia adequada ou quando o apresentador reage às
piadas. Alguns colegas no começo da carreira foram no extinto Programa da Hebe. A média de idade da
plateia era em torno de sessenta anos. Desnecessário dizer que as piadas não alcançavam a devida
reação. Quando o programa não tem plateia, você depende do apresentador. Se ele reagir com risos, a
apresentação pode funcionar, mas infelizmente é muito grande o número de apresentadores que, enquanto
o comediante conta a piada, está lendo a próxima pergunta ou está preocupado com a vinheta que entra
em seguida. O comediante termina a piada e logo em seguida é possível ouvir o silêncio, que é
interrompido apenas por outra pergunta do entrevistador.
Ao combinar todos esses elementos (apresentadores que interagem, ou seja, são bons; apresentadores
indiferentes; plateias ruins; plateias boas), por meio da análise combinatória, chegamos a nove cenários
possíveis:
1 - Stand-up clássico Sem plateia –
2 - Stand-up clássico Com plateia ruim –
3 - Stand-up clássico Com plateia boa –
4 - Stand-up na conversa Sem plateia Apresentador ruim
5 - Stand-up na conversa Sem plateia Apresentador bom
6 - Stand-up na conversa Com plateia ruim Apresentador bom
7 - Stand-up na conversa Com plateia ruim Apresentador ruim
8 - Stand-up na conversa Com plateia boa Apresentador ruim
9 - Stand-up na conversa Com plateia boa Apresentador bom
No caso de um número de stand-up clássico o apresentador não fará muita diferença, pois o
comediante conta as piadas para a câmera ou para a plateia. É ruim fazer stand-up sem público, mas
talvez seja pior apresentar-se para uma plateia fria e sem reação. Nos casos 1 e 2 prefiro não fazer o
stand-up. Já fui a programas em que me pediram para que contasse piadas nessas circunstâncias. É claro
que não respondi: “Não posso contar minhas piadas aqui porque sua plateia é muito ruim e vai parecer
que sou sem graça”. É interessante para o programa que a atração funcione da melhor maneira possível.
Então eu disse: “Prefiro soltar as piadas durante a conversa, acho que vai ficar mais natural e funcionar
melhor”.
Demorei alguns anos para tomar essa atitude sem receio de parecer pedante ou arrogante e saber que o
programa confiaria na minha posição. Mas no começo da carreira, há grandes chances de o comediante
ter que fazer um número de stand-up sem plateia ou para uma plateia ruim. Caso aconteça, encare isso
como uma etapa do seu desenvolvimento para futuramente chegar a uma posição capaz de se esquivar
dessas situações.
A situação número 3: stand-up clássico com plateia boa, representa um programa ideal para se
apresentar. Nesse caso, o sucesso ou fracasso dependem unicamente do comediante. Selecione um texto
adequado e faça uma ótima apresentação.
Os cenários de 4 a 9 envolvem fazer o número de stand-up no meio da conversa. O 4 é um dos piores: