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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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entrevista do humorista sério se interessou em ir ao show dele.

O sucesso da entrevista dependerá do entrevistado e do programa. Ao participar de um programa, as

piadas podem ser feitas basicamente de duas formas: você pode fazer um stand-up no formato clássico,

ou seja, de pé com microfone na mão; ou fazer o que os norte-americanos chamam de doing panel e nós

chamamos de “dar texto”, que significa contar as piadas em forma de bate-papo durante a entrevista.

Dependendo do programa, ele pode ou não ter uma plateia, que pode ser boa ou ruim. Fazer stand-up

em um programa funciona quando ele tem uma plateia adequada ou quando o apresentador reage às

piadas. Alguns colegas no começo da carreira foram no extinto Programa da Hebe. A média de idade da

plateia era em torno de sessenta anos. Desnecessário dizer que as piadas não alcançavam a devida

reação. Quando o programa não tem plateia, você depende do apresentador. Se ele reagir com risos, a

apresentação pode funcionar, mas infelizmente é muito grande o número de apresentadores que, enquanto

o comediante conta a piada, está lendo a próxima pergunta ou está preocupado com a vinheta que entra

em seguida. O comediante termina a piada e logo em seguida é possível ouvir o silêncio, que é

interrompido apenas por outra pergunta do entrevistador.

Ao combinar todos esses elementos (apresentadores que interagem, ou seja, são bons; apresentadores

indiferentes; plateias ruins; plateias boas), por meio da análise combinatória, chegamos a nove cenários

possíveis:

1 - Stand-up clássico Sem plateia –

2 - Stand-up clássico Com plateia ruim –

3 - Stand-up clássico Com plateia boa –

4 - Stand-up na conversa Sem plateia Apresentador ruim

5 - Stand-up na conversa Sem plateia Apresentador bom

6 - Stand-up na conversa Com plateia ruim Apresentador bom

7 - Stand-up na conversa Com plateia ruim Apresentador ruim

8 - Stand-up na conversa Com plateia boa Apresentador ruim

9 - Stand-up na conversa Com plateia boa Apresentador bom

No caso de um número de stand-up clássico o apresentador não fará muita diferença, pois o

comediante conta as piadas para a câmera ou para a plateia. É ruim fazer stand-up sem público, mas

talvez seja pior apresentar-se para uma plateia fria e sem reação. Nos casos 1 e 2 prefiro não fazer o

stand-up. Já fui a programas em que me pediram para que contasse piadas nessas circunstâncias. É claro

que não respondi: “Não posso contar minhas piadas aqui porque sua plateia é muito ruim e vai parecer

que sou sem graça”. É interessante para o programa que a atração funcione da melhor maneira possível.

Então eu disse: “Prefiro soltar as piadas durante a conversa, acho que vai ficar mais natural e funcionar

melhor”.

Demorei alguns anos para tomar essa atitude sem receio de parecer pedante ou arrogante e saber que o

programa confiaria na minha posição. Mas no começo da carreira, há grandes chances de o comediante

ter que fazer um número de stand-up sem plateia ou para uma plateia ruim. Caso aconteça, encare isso

como uma etapa do seu desenvolvimento para futuramente chegar a uma posição capaz de se esquivar

dessas situações.

A situação número 3: stand-up clássico com plateia boa, representa um programa ideal para se

apresentar. Nesse caso, o sucesso ou fracasso dependem unicamente do comediante. Selecione um texto

adequado e faça uma ótima apresentação.

Os cenários de 4 a 9 envolvem fazer o número de stand-up no meio da conversa. O 4 é um dos piores:

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