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Segredos da comedia stand-up - Leo Lins marcado

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(6/2/2009)

Mas o que fazer para continuar com essa vontade de contar as piadas? Assim como em um

relacionamento, se estiver cansado delas, dê um tempo. Saia com outras piadas, quem sabe em alguns

meses você volta a ter interesse por aquelas que abandonou. Outra maneira é renovar; adicione duas

piadas em um texto antigo pode motivá-lo a voltar a fazer todo esse texto como se fosse tão novo quanto

as duas piadas que foram acrescentadas. Se nada funcionar, está na hora de terminar com essas piadas e

seguir em frente.

Desde essa última apresentação estou conseguindo ficar mais atento para piadas que surjam na hora. Pra isso, basta estar seguro do

seu texto, pois, assim, tem condições de desviar do caminho e, qualquer coisa, é só retornar a ele.

(8/2/2008)

Acredite se quiser

Apesar de ser um texto inteiro novo, ensaiei o suficiente pra me deixar seguro e subi ao palco com

confiança no que ia fazer. Diferentemente de quando fiz na semana passada, que fui um pouco

inseguro.

Confiança é extremamente importante, uma piada nova é como um desconhecido, por isso é difícil

confiar nela. A desconfiança prejudica a entrega da piada para o público, você não faz o setup com a

devida clareza nem o punch line no timing correto. Portanto, como adquirir confiança no seu texto?

Conhecendo-o. Ensaie em casa, diga a piada em voz alta e seja crítico. Ela precisa de algum ajuste? O

punch line é forte? O setup está longo? Faça as alterações necessárias e ensaie novamente. Quando

estiver confiante, suba ao palco e acredite na piada, assim, você não vai hesitar nem gaguejar.

A confiança é muito importante. Veja um episódio que aconteceu comigo na primeira vez que estive em

rede nacional no programa Domingão do Faustão, em 29 de junho de 2008. Cerca de trinta minutos antes

de entrar ao vivo para todo o Brasil, os comediantes eram chamados um por um em uma pequena sala,

onde deveriam se apresentar para quatro pessoas cuja função era avaliar o texto. Um dos quatro ficava

com o cronômetro e dizia “Vai”. Observar piadas serem contadas sem esboçar reação é uma das formas

de torturar comediantes. Após passar meu texto, um deles disse: “Eu acho que essas piadas de Street

Fighter4 a plateia não vai entender, é melhor mudar”. Esse comentário me deixou preocupado, se essa

piada não funcionasse certamente eu perderia nessa etapa do concurso. Mas estava decidido a fazê-la e já

tinha uma estratégia.

Alguns minutos antes de entrar, quando estava no backstage, me dirigi a um dos funcionários e

perguntei: “Você sabe o que é Street Fighter?”. Ele respondeu: “Claro, o joguinho”. Contei a ele que ia

fazer uma piada sobre o jogo e a produção disse que o público não ia entender e eis que ele retrucou:

“Vai sim, todo mundo conhece”. Essa conversa ajudou a solidificar minha confiança.

Quando entrei no palco e comecei a disputa contra o tempo. Passados cerca de trinta segundos comecei

a fazer a piada do Street Fighter. As palavras foram saindo da minha boca e, certeiras como flecha no

centro do alvo, atingiram o público provocando risos.

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