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propaganda sobre o novo carro com mais espaço no porta-malas. Você a xinga e começa a procurar pelo
controle remoto, que nessa hora nunca está do seu lado. Provavelmente ele se escondeu por causa do
susto que levou da TV. Você encontra o controle, mas, antes que aperte o botão, algum familiar já acordou
perguntando se você está surdo. O que nem faz sentido, pois se estivesse não ia ouvir a pergunta. Entra
um comercial de pomada para hemorroidas falando “ESTÁ COM HEMORROIDAS?”... Seu vizinho
responde: “NÃÃÃO”. Em meio a essa batalha, você aperta o botão, diminui o volume e restabelece o
controle da situação. Deita-se tranquilamente, os comerciais acabam e o filme retorna... Retorna sem som
nenhum. Depois do comercial parece que trocaram o ator pelo Charles Chaplin.
O pequeno texto do parágrafo anterior foi para mostrar de forma divertida o problema de uma brusca
alteração no volume. O som produzido pela voz de cada pessoa atinge alturas diferentes. Em um show
com quatro humoristas, um deles pode ter o tom de voz mais baixo e outro, muito alto. Se o microfone
ficar em um volume-padrão pode prejudicar alguém. Logo, o som deve se adaptar ao humorista e viceversa.
Embora pareça óbvio, você pode controlar a potência do som ao aproximar ou afastar o microfone
da boca. Se achar que o som está muito alto, afaste um pouco. Já fiz um show no qual o som do microfone
estava tão alto que fiz a apresentação segurando-o na altura do peito. Caso contrário o volume ficaria tão
forte que o som estourava um pouco e dificultava o entendimento das piadas. Para saber como o som está
chegando para a plateia, o ideal é que no palco tenha um retorno. O retorno é um aparelho responsável
por fazer chegar ao palco o som que sai do microfone, oferecendo ao artista o mesmo som que está
chegando para a plateia.
Talvez alguns estejam pensando: “No tópico anterior ele disse para aumentar ou reduzir o volume e
aqui falou que é ruim ter uma alteração brusca no volume... E agora?”. Lembre-se de que a ideia de
mudar o volume é uma manobra para controlar um problema. Se a conversa está atrapalhando, alterar o
volume vai dificultá-la, porém, se a conversa não existe e todos estão ouvindo bem o show, mudar o
volume pode ser prejudicial.
Som e luz
Estudar teatro e seus equipamentos não é um pré-requisito para se tornar comediante stand-up. A
origem do humorista pode estar na arquitetura, educação física, publicidade, medicina, advocacia,
engenharia... Sendo assim, é comum o stand-uper não ter grande conhecimento de equipamentos de som e
luz. Mas se for largar a educação física para contar piadas é mais importante saber o que é um canhão
elipsoidal em vez de o que é um haltere. Não acho necessário aprender a fazer um mapa de som do palco,
mas um conhecimento mínimo é importante.
Em relação ao som, o comediante precisa basicamente de um microfone, caixas de som para o público
e um retorno para o palco. O microfone pode ser com fio, sem fio, auricular ou de lapela. O auricular e o
de lapela são mais comuns em shows de improviso, pois oferecem a vantagem de deixar as mãos livres.
No stand-up os mais frequentes são com fio e sem fio. A preferência por um deles dependerá do gosto
pessoal. O fio pode limitar algum movimento, mas pode ser um elemento a mais para ilustrar alguma
piada.
Fique atento à qualidade do som e do equipamento que vai utilizar. Alguns humoristas levam uma
aparelhagem própria, mas a maioria utiliza o que o teatro tem disponível. Passe o som antes do show
para ver se não está muito alto, muito baixo, com algum chiado, eco. Se for um microfone com fio, veja
se ele não está com mau contato. Certa vez descobri isso durante o show e tive que ficar praticamente
imóvel durante toda a apresentação. A qualquer movimento havia o risco de o som desligar e uma falha
de meio segundo pode estragar uma piada inteira que levou 15 segundos.