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Vale a pena acreditar. As piadas dos animais no espaço já estavam indo bem, Plutão funcionou legal, Éris foi bem, Ceres rolou legal e
Urano consolidou que eu poderia ficar no texto dos planetas!
(16/5/2008)
Correr riscos
Continuar escrevendo e vir com material novo é um risco necessário e compensador.
Comediante stand-up não é uma profissão fácil. Quando você sobe no palco, começa uma disputa, na
qual a cada intervalo de alguns segundos tem que provocar risos na plateia. Para um novato, algumas
dessas empreitadas são vitoriosas, outras não. Após alguns anos você se torna veterano e aprende como
sobreviver às batalhas. Eis o problema, alguns comediantes se acomodam e utilizam sempre os mesmos
recursos. Por que vou me arriscar com piadas novas e fazer um show razoável? Não é melhor recorrer a
textos tradicionais que já enfrentaram várias plateias e detonar com mais uma? É tentador escolher piadas
certeiras como estas:
Eu sou tão baixinha, que se fosse prostituta ia ter que cobrar meia. (Carol Zoccoli)
O Big Brother é um reality show, ele mostra a realidade. Realidade?! Qual foi a última vez que
você viu alguém ganhar o almoço porque venceu a corrida do saco? (Mauricio Meirelles)
Eu não entendo mendigo gordo. Já viram isso? Se tu é mendigo, como é que é gordo?! Virou
mendigo hoje? Aí ele vem e me pede ajuda... ‘Vou te ajudar sim, não vou dar nada. Fica gastando
dinheiro comendo porcaria por aí.’ (Murilo Couto)
Mas, por mais que certas piadas sejam sólidas e confiáveis, particularmente me sinto mal em fazer
sempre a mesma coisa. Contar sempre as mesmas piadas pode manter a eficácia no palco, mas reduzir a
da caneta. Não quero me afastar dos palcos nem do papel. Tenho medo de ficar muito tempo sem
escrever e me prejudicar na criação de novas piadas. O comediante é um artista e cabe ao artista se
colocar fora de sua zona de conforto. E isso não vale apenas para fazer piadas novas.
Certa vez recebi uma ligação do produtor do Pânico, da Rádio Jovem Pan, por volta das 19 horas de
uma segunda-feira, para participar do programa no dia seguinte ao meio-dia. Fiquei na dúvida se aceitava
naquela hora, pois se tivesse pelo menos um dia para selecionar piadas adequadas para a entrevista seria
melhor. Eu queria me sair bem, admiro o trabalho dos integrantes do programa e gostaria de fazer uma
boa entrevista. Eis que pensei: “O tempo que vou me preparar pra entrevista vai ser de uma ou duas
horas?! Posso fazer isso de madrugada”. Aceitei o convite, preparei algumas piadas e a entrevista foi
ótima. Meu primeiro impulso foi de querer mais tempo, de tentar uma data posterior, mas foi ótimo correr
o risco.
Passei por outra situação parecida durante um evento chamado Fritada. Um show no qual os
comediantes homenageiam uma pessoa fazendo piadas sobre ela. Esse tipo de show é bem difundido nos