a praça Dr. Chave, Montes Claros - Instituto de Geografia ...
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construção da noção <strong>de</strong> objeto, com a experiência vivida, sendo esta conquista, longa e<br />
progressiva, que se inicia com a preocupação <strong>de</strong> imitar o real.<br />
É importante <strong>de</strong>stacar, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rabisco, já existe por parte da criança uma tentativa <strong>de</strong><br />
modulação espacial, por combinações <strong>de</strong> vazios e preenchimento dos espaços. O traçado vai<br />
se configurar <strong>de</strong> diferentes maneiras na página <strong>de</strong>senhada: po<strong>de</strong>rão aparecer <strong>de</strong>senhos no<br />
centro da página, nas margens direita e esquerda, na parte superior ou inferior, como po<strong>de</strong>rá<br />
também, aparecer o <strong>de</strong>senho em toda a página. No plano gráfico, a página é, pois, o espaço<br />
que a criança <strong>de</strong>ve progressivamente dominar, até <strong>de</strong>limitar os objetos constantes na faixa do<br />
céu e faixa da terra, em seus respectivos espaços.<br />
Para representar o espaço, Mèredieu (1974, p.46-47) escreve que “a criança utiliza dois<br />
processos”:<br />
162<br />
O plano <strong>de</strong>itado e a transparência, processos que ele partilha com certas formas <strong>de</strong><br />
arte chamadas primitivas, assim como com certos pintores contemporâneos como<br />
Klee ou Miró. Desses dois processos, o mais complexo é sem dúvida o plano<br />
<strong>de</strong>itado, na verda<strong>de</strong> um falso plano <strong>de</strong>itado – como observa Piaget – já que a criança<br />
ignora todo o espaço projetivo e não po<strong>de</strong> fazer a experiência necessária a esse<br />
espaço: dobrar e <strong>de</strong>sdobrar planos.<br />
A organização espacial da criança começa, então, por intuição sobre as relações <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong>/<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, vizinhança, separação, envolvimento, mesmo que ela esteja<br />
num estágio mais evoluído do plano perceptivo. As noções espaciais são qualitativas e não<br />
métricas.<br />
Tanto a organização quanto a orientação espacial da criança está no corpo; é a partir <strong>de</strong>le que,<br />
em primeiro lugar, os referenciais <strong>de</strong> espaço e <strong>de</strong> localização <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>terminados,<br />
inicialmente com a elaboração do mapa do corpo para que a criança possa obter uma<br />
representação <strong>de</strong> si mesmo em tamanho real e com a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> seus dados. Esta<br />
ativida<strong>de</strong> ilustra o fato <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos tratar a representação do espaço como abstrato.<br />
Almeida (2003, p.37) consi<strong>de</strong>ra que:<br />
O esquema corporal é a base cognitiva sobre a qual se <strong>de</strong>lineia a exploração do<br />
espaço. Depen<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> funções motoras quanto da percepção do espaço imediato.<br />
A consciência do corpo constrói-se lentamente, até a adolescência, quando há a<br />
elaboração completa do esquema corporal, em função do amadurecimento do<br />
sistema nervoso, da relação eu-mundo e da representação que a criança faz <strong>de</strong> si<br />
mesma e do mundo em relação a ela.