a praça Dr. Chave, Montes Claros - Instituto de Geografia ...
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Se a infância vem então sendo reconstruída, reinventada, é preciso que saibamos inventar<br />
novas práticas pedagógicas e sirvam para o sustentáculo <strong>de</strong> uma educação transformadora, em<br />
que a leitura <strong>de</strong> mundo das crianças seja feita através <strong>de</strong> suas percepções e que a leitura que os<br />
adultos fazem das crianças, seja feita com elas e não através <strong>de</strong> paradigmas ancorados em<br />
práticas ultrapassadas e livrescas. Pensamos em uma Pedagogia, em uma <strong>Geografia</strong><br />
transformadoras, que enxerguem a criança com direitos, compreendam a sua competência,<br />
escutem a sua voz para transformar a ação pedagógica em uma ativida<strong>de</strong> compartilhada.<br />
Reafirmamos, principalmente, após o término <strong>de</strong>ste trabalho o quanto as crianças necessitam<br />
<strong>de</strong> novos espaços para a aprendizagem. Apesar <strong>de</strong> as crianças participantes da pesquisa<br />
pertencerem a diferentes classes sociais, raramente se diferenciam nas capacida<strong>de</strong>s<br />
perceptuais básicas como as habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ouvir, sentir cheiros ou odores, perceberem<br />
movimentos, cores e objetos constantes na Praça da Matriz. Porém, a marca produzida pelas<br />
suas percepções diz respeito aos aspectos socioculturais o que causa efeitos sobre as suas<br />
percepções sobre um mesmo espaço.<br />
São distintas as vivências e percepções <strong>de</strong> cada um dos grupos <strong>de</strong> crianças participantes da<br />
pesquisa. As falas das crianças indicam e revelam aspectos da vida e do mundo concreto com<br />
uma sabedoria tal, por vezes comovente. O meio social em que a criança vive, engloba um<br />
conjunto <strong>de</strong> forças em suas atitu<strong>de</strong>s frente à exploração do meio ambiente, em seu conceito<br />
abrangente. Com isso surge uma preocupação - na escola, os professores têm <strong>de</strong>senvolvido a<br />
educação para o meio ambiente, utilizando, muitas vezes, conteúdos reproduzidos em sua<br />
antiga formação acadêmica, ficando presos a meros conceitos constantes em livros didáticos,<br />
referentes à educação ambiental, omitindo os aspectos sociais. A leitura <strong>de</strong> mundo, <strong>de</strong> vida<br />
que têm as crianças, e pelo que constatamos com esta pesquisa, nos aponta claramente que<br />
não po<strong>de</strong>mos e nem <strong>de</strong>vemos ignorar a compreensão do que é ser e estar no mundo e que cada<br />
um percebe e está neste mundo <strong>de</strong> forma diferenciada. Po<strong>de</strong>mos ilustrar esta questão com o<br />
pensamento <strong>de</strong> Husserl (1996, p.36) quando escreve que “pessoas diferentes que<br />
simultaneamente percebem as mesmas coisas nunca têm exatamente a mesma percepção.”<br />
As respostas das crianças dos dois grupos (Grupo 1 dos CEMEI e Grupo 2 das escolas<br />
particulares) <strong>de</strong>notam as suas percepções e vivências diárias. As crianças do Grupo 1, não<br />
<strong>de</strong>clararam por exemplo que sentiram falta na Praça <strong>de</strong>: feira <strong>de</strong> artes; <strong>de</strong> pessoas ven<strong>de</strong>ndo<br />
balões; pessoas cantando no coreto; teatro ao ar livre; lago com peixinhos; trenzinho da<br />
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