Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...
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Foladori (2005, p. 21) observa que apesar da crise ambiental ser mostrada como algo<br />
próprio do sist<strong>em</strong>a industrial, a humanida<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre teve contradições com seu meio<br />
ambiente para que os ritmos <strong>de</strong> reconstituição e reciclag<strong>em</strong> estivess<strong>em</strong> <strong>em</strong> sintonia com os<br />
ritmos humanos. Porém, estes probl<strong>em</strong>as são diferentes <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>,<br />
segundo a socieda<strong>de</strong> concreta. O que o autor propõe, então, é que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção,<br />
ou seja, as relações sociais <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser o ponto <strong>de</strong> partida para enten<strong>de</strong>rmos as<br />
relações <strong>de</strong> qualquer socieda<strong>de</strong> com o meio ambiente.<br />
Mas, por que este <strong>de</strong>scompasso entre produção e uso <strong>de</strong> recursos naturais se dá<br />
atualmente <strong>de</strong> forma tão evi<strong>de</strong>nte e preocupante? Segundo Portilho (2005), a produção e o<br />
consumo, estimulados pelo sist<strong>em</strong>a capitalista que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do crescimento contínuo da<br />
economia, é o principal motivo. A autora afirma que o <strong>de</strong>bate entre a vida espartana e o luxo<br />
é s<strong>em</strong>pre renovado por argumentos, tanto morais quanto religiosos, éticos, políticos e<br />
econômicos. Mas, para os ambientalistas, “o consumo das socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais mo<strong>de</strong>rnas,<br />
além <strong>de</strong> socialmente injusto, é ambientalmente insustentável” (PORTILHO, 2005, p. 15).<br />
A mesma autora consi<strong>de</strong>ra que os pressupostos éticos dos atuais padrões <strong>de</strong><br />
consumo <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser discutidos, uma vez que geram insustentabilida<strong>de</strong> ambiental e social.<br />
No sist<strong>em</strong>a capitalista, o consumo é visto como um “conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s sociais e<br />
culturais” (PORTILHO 2005, p. 29), ou seja, não se trata do consumo para satisfazer<br />
necessida<strong>de</strong>s físicas, mas outras, criadas artificialmente para estimular a economia e<br />
produzir mais lucro. Trata-se <strong>de</strong> consumir para sentir-se pertencente a um grupo social.<br />
Destaca, também, que por meio do consumo é possível perceber as diferenças <strong>de</strong> classes,<br />
que, originadas na “participação <strong>de</strong>sigual na estrutura produtiva, ganham continuida<strong>de</strong><br />
através da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na distribuição e apropriação dos bens” (PORTILHO, 2005, p. 32).<br />
113<br />
O t<strong>em</strong>po, dimensão fundamental da nossa existência, não é único e se apresenta<br />
sob uma infinita varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas [...] Esse t<strong>em</strong>po mo<strong>de</strong>rno bate <strong>de</strong> frente com<br />
o t<strong>em</strong>po da natureza <strong>em</strong> sua produção <strong>de</strong> matérias-primas e <strong>em</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
absorção da enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos gerados [...] o probl<strong>em</strong>a do meio<br />
ambiente é o t<strong>em</strong>po. É o dos recursos que não têm t<strong>em</strong>po para se renovar<strong>em</strong> e dos<br />
ecossist<strong>em</strong>as que não têm t<strong>em</strong>po para absorver nossos resíduos. É como se hoje<br />
estivéss<strong>em</strong>os cuidando dos resíduos dos cont<strong>em</strong>porâneos <strong>de</strong> Luiz XIV [...] As<br />
matérias-primas renováveis são produzidas pela natureza e transformadas pelo<br />
hom<strong>em</strong>. Seu t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> renovação é inferior ou igual ao <strong>de</strong> uma vida humana.<br />
Trata-se <strong>de</strong> matérias <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> vegetal ou animal, como ma<strong>de</strong>ira, algodão, lã...<br />
(KAZAZIAN, 2005, p. 40, 41, 42)