Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...
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Então, é possível admitir mudanças nos produtos artesanais, <strong>de</strong> forma a aten<strong>de</strong>r aos<br />
anseios, não só da comunida<strong>de</strong> mesma, mas também <strong>de</strong> outro público que busca por meio<br />
do artesanato, suprir necessida<strong>de</strong>s tanto fisiológicas quanto afetivo-sociais (KOTLER, 1995).<br />
Ainda, segundo Novelo (2003), a cultura dos artesãos está vinculada a várias formas<br />
<strong>de</strong> produção. A pesquisadora afirma que, no México, já foram <strong>de</strong>senvolvidos diversos<br />
programas num esforço para mo<strong>de</strong>rnizar e dar novas funções aos objetos, para ampliar seu<br />
mercado, torná-los mais competitivos e assim melhorar a renda dos artesãos. Entretanto,<br />
muitos <strong>de</strong>sses programas se realizaram s<strong>em</strong> pesquisa prévia das necessida<strong>de</strong>s e expectativas<br />
reais, pelo que, frequent<strong>em</strong>ente, as propostas resultaram <strong>em</strong> gastos irrecuperáveis e<br />
<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> recursos. Segundo a autora, naquele país, a maioria dos programas <strong>de</strong><br />
capacitação visa ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos e não dos processos <strong>de</strong> produção e<br />
acontec<strong>em</strong> s<strong>em</strong> que se leve <strong>em</strong> conta as condições dos artesãos rurais, como sua<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria-prima, entre outras.<br />
Deve-se consi<strong>de</strong>rar, também, que a organização da produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria-prima (O´CONNOR, 1996) e que a inconstância é frequente na<br />
ativida<strong>de</strong> artesanal. Mudanças no fluxo <strong>de</strong> turistas, escassez <strong>de</strong> matéria-prima ou flutuações<br />
no preço e até variações climáticas pod<strong>em</strong> interferir na ativida<strong>de</strong> artesanal. Por isso, o<br />
artesão navega entre trabalho e não-trabalho, renda e miséria (SCRASE, 2003).<br />
Enten<strong>de</strong>-se, ainda, que o artesanato seja uma forma <strong>de</strong> perpetuar e resgatar os<br />
valores do trabalho voltados para a essência da natureza humana, que, segundo Marx<br />
(2006), se per<strong>de</strong>u com a generalização do capitalismo. O autor afirma que o trabalho fez o<br />
hom<strong>em</strong> e é ele que lhe dá po<strong>de</strong>r. Para o artesão, o probl<strong>em</strong>a é como exercer esse po<strong>de</strong>r,<br />
uma vez que a sua forma <strong>de</strong> trabalho não lhe permite acumular capital suficiente para<br />
sobreviver <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> crise. Isso o coloca <strong>em</strong> <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> <strong>em</strong> relação à produção<br />
industrial.<br />
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