22.10.2013 Views

Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...

Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...

Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Isso leva ao que Marx (2006) consi<strong>de</strong>rou trabalho alienado. Ele explica que, por meio<br />

do trabalho, o hom<strong>em</strong> interage com a natureza, é, portanto, um mediador, ou seja, o<br />

trabalho faz o papel <strong>de</strong> intermediar as relações do hom<strong>em</strong> com a natureza.<br />

Quando o hom<strong>em</strong> passa a trabalhar não para si mesmo, mas para a satisfação <strong>de</strong><br />

uma necessida<strong>de</strong> que não é a sua, ele aliena sua força <strong>de</strong> trabalho, <strong>em</strong> troca <strong>de</strong> dinheiro.<br />

São, então, dois tipos <strong>de</strong> alienação, da sua própria força <strong>de</strong> trabalho e também do produto<br />

do seu trabalho. Se antes ele produzia para si mesmo, agora produz para o industrial<br />

capitalista, e o produto do seu trabalho não é mais o seu produto, mas o produto do<br />

trabalho coletivo <strong>de</strong> vários trabalhadores, cada um dos quais, <strong>de</strong>sconhecedor do processo<br />

como um todo, assim como do resultado total do trabalho.<br />

Segundo Mészáros (2006), Marx <strong>de</strong>finia as mediações como <strong>de</strong> primeira e <strong>de</strong><br />

segunda ord<strong>em</strong>. A mediação <strong>de</strong> primeira ord<strong>em</strong> seria exercida pelo trabalho. No caso da<br />

produção capitalista, o trabalho <strong>em</strong> si foi substituído pela proprieda<strong>de</strong> privada dos meios <strong>de</strong><br />

produção, pela divisão do trabalho e pelo intercâmbio <strong>de</strong> mercadorias, ou seja, pelo<br />

mercado. As mediações <strong>de</strong> segunda ord<strong>em</strong> substituíram as <strong>de</strong> primeira, tornando-se a<br />

mediação da mediação (por isso <strong>de</strong> segunda ord<strong>em</strong>).<br />

Assim, o hom<strong>em</strong> já não se enxerga no próprio trabalho. As mediações o imped<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

se realizar <strong>em</strong> seu trabalho, no exercício <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> produtiva (criativa) e na<br />

apropriação humana dos produtos <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>. Quando as mediações <strong>de</strong> segunda<br />

ord<strong>em</strong> são tomadas como inerentes à natureza humana, e não como um fato histórico,<br />

acabam por assumir um caráter moralizante [...]. Ou seja, não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que as<br />

mediações <strong>de</strong> segunda ord<strong>em</strong> façam parte da essência da natureza humana, pois elas foram<br />

<strong>de</strong>terminadas historicamente (MÉSZÁROS, 2006, p. 78-79).<br />

A diferença específica da produção capitalista é a compra e a venda <strong>de</strong> força <strong>de</strong><br />

trabalho. Para que isso ocorra é necessário que os trabalhadores estejam separados dos<br />

meios <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser livres para ven<strong>de</strong>r sua força <strong>de</strong> trabalho a qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>sejar<strong>em</strong>, e<br />

o propósito do seu trabalho é a expansão do capital do capitalista (BRAVERMAN, 1987). Sob<br />

168<br />

Assim, após milhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> trabalho, durante os quais os seres humanos<br />

criaram não apenas uma cultura social complexa, mas, num sentido muito real<br />

também criaram-se a si mesmos, o próprio traço cultural-biológico sobre o qual se<br />

funda toda essa evolução entrou <strong>em</strong> crise, nos últimos duzentos anos, uma crise<br />

que Marcuse corretamente chama <strong>de</strong> ameaça <strong>de</strong> catástrofe da essência humana<br />

(1987, p. 150).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!