Tese em PDF - departamento de engenharia florestal - ufpr ...
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8.5 CONSIDERAÇÕES<br />
Como explicitou Marx (2006), o trabalho é a própria essência do hom<strong>em</strong>, foi por<br />
meio <strong>de</strong>le que o hom<strong>em</strong> se fez. Isso ficou muito evi<strong>de</strong>nte nas falas dos artesãos e na forma<br />
como encaram sua ativida<strong>de</strong>. Sent<strong>em</strong> prazer naquilo que faz<strong>em</strong>, realizam-se, buscam a<br />
perfeição nos <strong>de</strong>talhes <strong>em</strong> cada trama. O trabalho está além <strong>de</strong> ser apenas um meio <strong>de</strong><br />
sobrevivência, é uma forma <strong>de</strong> superação. Por intermédio do artesanato, eles exerc<strong>em</strong> sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar e produzir, rompendo com a dissociação entre o trabalho intelectual e o<br />
braçal (BRAVERMAN, 1987). O trabalhador artesão constitui e constrói no seu dia-a-dia os<br />
conhecimentos necessários ao exercício da sua ativida<strong>de</strong>, um patrimônio que ninguém po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>stituir-lhe.<br />
Para uma parcela significativa da população do Planalto Catarinense, o artesanato<br />
<strong>em</strong> vime é a principal forma <strong>de</strong> subsistência, e apesar da sua presença ser relativamente<br />
recente, v<strong>em</strong> se tornando também um objeto representativo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. Isso<br />
po<strong>de</strong> ser observado pela forma <strong>de</strong> expressar-se dos artesãos, <strong>em</strong>bora timidamente, e na<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas envolvidas com a ativida<strong>de</strong>. Como afirmou Correa (2008), trata-se <strong>de</strong><br />
um processo social <strong>de</strong> elaboração manual <strong>de</strong> produtos, que cumpr<strong>em</strong> um papel funcional e<br />
utilitário, mas também serv<strong>em</strong> para a realização do ser humano por meio do trabalho.<br />
A facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção da matéria-prima e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar uma<br />
alternativa <strong>de</strong> subsistência fizeram com que muitas pessoas, que não tinham a tradição do<br />
artesanato, se envolvess<strong>em</strong> com o vime. Certamente as dificulda<strong>de</strong>s encontradas com<br />
outras culturas presentes na região, como o fumo, também foram um incentivo para o<br />
plantio do vime. Uma vez que este se tornou relativamente abundante, propiciou o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do artesanato, cuja ampliação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas alternativas <strong>de</strong><br />
comercialização, como o turismo. Isso corrobora com a argumentação <strong>de</strong> Canclini (1983),<br />
quando afirma que o artesanato, ainda que seja um tipo <strong>de</strong> processo ultrapassado <strong>de</strong>ntro do<br />
viés capitalista, se mantém por ser uma forma <strong>de</strong> manter as famílias no campo e um<br />
estímulo ao turismo, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando um papel importante como atração econômica e <strong>de</strong><br />
lazer.<br />
Observou-se, também, que já exist<strong>em</strong> algumas iniciativas no sentido <strong>de</strong> capacitar os<br />
artesãos <strong>de</strong> forma a melhorar os produtos e processos; entretanto, a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> das<br />
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