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animais são muito mais que algo somente - Proppi - UFF

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aldeia era: “remenda ma pa Vera 1 ? Você se casou Vera?” Pergunta essa sempre feita por<br />

homens em sua maioria e algumas vezes por mulheres <strong>mais</strong> velhas. Poucas vezes ouvi essa<br />

pergunta de mulheres solteiras ou casáveis. Aliás, essa pergunta é em sua maioria feita<br />

entre pessoas do mesmo sexo. Certo era <strong>que</strong> os Mbya achavam no mínimo curioso, um<br />

homem com 29 anos solteiro e sem filhos. O entusiasmo com <strong>que</strong> as pessoas falavam de<br />

suas trajetórias contrastava profundamente com o silêncio <strong>que</strong> mantinham sobre outros<br />

temas, silêncio esse <strong>que</strong> só poderia ser rompido com o compartilhamento de uma confiança<br />

mútua. Cabia a mim conquistá-la.<br />

Em julho de 2005 combinamos <strong>que</strong> em agosto eu retornaria a Parati-Mirim e<br />

permaneceria por dois meses. Como contraprestação eu também realizaria um trabalho<br />

para os Guarani: dirigir uma Kombi, já <strong>que</strong> Osvaldo havia sido contratado recentemente,<br />

pela FUNASA, como motorista.<br />

Neste período, Osvaldo me contou <strong>que</strong> em janeiro de 2005 casou-se com outra<br />

mulher, e passou a residir com ela na casa de seu sogro, contudo este casamento teve curta<br />

duração, separaram-se quando sua esposa estava por volta do segundo mês de gestação.<br />

Cheguei a Parati-Mirim em fins de agosto de 2005, onde permaneci até o fim de<br />

outubro, período em <strong>que</strong> a primeira esposa de Osvaldo voltou a viver com ele. A<br />

convivência diária possibilitou um estreitamento de relações com outras pessoas, inclusive<br />

em outras aldeias; a solidificação da amizade de uns e a atenuação da resistência de outros.<br />

Para o primeiro caso destacam-se Jango Karai Nhandu‟a, cunhado de Osvaldo (ZH) e as<br />

pessoas de Araponga e Mamanguá; para o segundo Osvaldo, seu Miguel e Pedro Karai<br />

Mirĩ (filho de Miguel) e; no terceiro, outras pessoas <strong>que</strong> se juntaram à família de Miguel,<br />

por meio de casamento de seus consanguíneos com consanguíneos do primeiro.<br />

Após terminar este trabalho e também a graduação em Ciências Sociais, mantiveme<br />

sempre junto aos Mbya; retornei por diversas vezes à aldeia, fosse para visitá-los ou<br />

para participar de algum evento para o qual me convidavam; e sempre permaneci junto à<br />

casa de meu antigo amigo e anfitrião. Osvaldo novamente se separou de sua esposa em<br />

janeiro de 2006, e após algum tempo casou-se com Juliana Jaxuka. Aos poucos fui me<br />

aproximando da família de Jango, <strong>que</strong> por ocasião do nimongarai (ritual de nominação das<br />

crianças), em fins de janeiro de 2008, convidou-me para ficar em sua casa. Jango já fizera<br />

o convite em setembro de 2007 e eu recusara; no entanto, dessa vez aceitei.<br />

1 Vera Mirï, nome <strong>que</strong> uma xamã me deu alguns meses após eu iniciar a pesquisa.<br />

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