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O Coruja - Unama

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www.nead.unama.br<br />

te lamberás com o dinheiro de meu tio como te lambeste com o dinheiro da pobre<br />

Ernestina!<br />

Daí a dias falava o Aguiar com o comendador:<br />

— É preciso abrir os olhos, meu tio, é preciso abrir os olhos. Aquele tratante<br />

é capaz de tudo! Abra os olhos, se não quiser que ele lhe pregue alguma peça...<br />

— Mas, com a breca! Não foste tu mesmo que mo apresentaste<br />

— Não o conhecia nesse tempo: andava iludido; só hoje sei a bisca que ali<br />

está.<br />

E contou a respeito de Teobaldo todas as verdades que sabia e mais ainda o<br />

que lhe pareceu necessário para as realçar; assim, disse que ele era um grande<br />

devasso e um grande hipócrita; que ele para conseguir qualquer desiderato não<br />

hesitava defronte de obstáculos, nem considerações de espécie alguma, e que, no<br />

caso presente, se o comendador não tratasse de defender a filha, o patife conseguiria<br />

apoderar-se dela, pois já lhe havia captado a confiança e talvez o coração.<br />

— Estás sonhando com certeza!<br />

— Não! Digo a verdade. Branca deseja casar com ele!<br />

— Não creio! Isso não pode ter fundamento!<br />

— Juro-lhe que tem! Ela própria mo confessou!<br />

— Nesse caso vou interrogá-la.<br />

— Pois interrogue, e verá!<br />

Branca respondeu ao pai com toda a franqueza que — Se tivesse de<br />

escolher noivo preferia o Sr. Teobaldo a qualquer outro...<br />

— Bem, filha, isso é lá uma questão de gosto; não se argumenta! Mas,<br />

sempre te direi que é de minha obrigação evitar que dês um passo mal; preciso<br />

esclarecer-te sobre os precedentes e sobre o caráter desse moço, a quem na tua<br />

inocência escolheste para marido.<br />

— Oh! Mas foi vossemecê justamente quem me deu o exemplo de gostar<br />

dele!. ... Não posso compreender como um rapaz, até aqui tão querido e<br />

simpatizado por todos nesta casa, mereça o que meu pai acaba de dizer<br />

— Sim, minha filha, mas o casamento é coisa muito séria; pode a gente<br />

simpatizar com uma pessoa, achar que ela tem talento, que é bonita, que é<br />

engraçada; sim, senhor! Daí, porém, a querer mete-la na família vai uma distância<br />

enorme!...<br />

— Não sei que possa faltar Aquele rapaz para ter direito à minha mão!...<br />

— Não se trata do que falta, meu bem, mas do que lhe sobra!...<br />

— Como assim<br />

— É que há feios boatos a respeito da vida que ele tem levado aqui na corte...<br />

— Intrigas de meu primo...<br />

— Eu, pelo menos, preciso tomar certas informações antes de consentir que<br />

penses nele.<br />

— Ora, papai, isso de pensar ou de não pensar em alguém não depende da<br />

vontade; e, quase sempre, quanto mais a gente faz em não pensar em uma pessoa<br />

ou em uma coisa, é quando mais ela não lhe sai da idéia.<br />

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