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www.nead.unama.br<br />
FIM DA SEGUNDA PARTE<br />
TERCEIRA PARTE<br />
CAPÍTULO I<br />
Rolou um ano sobre o casamento de Teobaldo com Branca, e moram estes<br />
agora em Botafogo, naquela mesma casa em que o comendador perecera<br />
estrangulado pelo seu amor paternal.<br />
A casa é a mesma, mas ninguém dirá que o é, pois desde a entrada notamse<br />
em toda ela consideráveis transformações. O bom gosto de Teobaldo, aquele<br />
gosto aristocrata, herdado com o sangue de seu avô, fez do velho casarão, tristonho<br />
e assombrado, um confortável ninho afestoado e tépido.<br />
Já se lhe não viram espetar do alto do frontispício as caducas telhas, negras<br />
e esborcinadas, por entre cujas fendas se extravasavam longos fios de lama<br />
barrenta, choradas sobre o pano da parede, que nem baba por velha boca<br />
desdentada. Agora, sente-se ali a mão de quem entra na vida disposto a viver;<br />
desde o portão da chácara vão os olhos descobrindo em que se regalar; caminhos<br />
de murta, canteiros de finas flores, repuxos, cascatas e estatuetas, globos de mil<br />
cores, caramanchões e pequenos bosques artificiais: tudo nos diz que ali reside<br />
agora gente feliz e moça.<br />
As escadas, até aquela mesma por onde Branca fugira ao pai, são hoje mais<br />
claras, mais enfeitadas de verdura e, só com vê-as, já se adivinha, já se sente o luxo<br />
que vai pelo interior da casa.<br />
Pelo esvaziamento da porta principal vê-se perpassar de quando em quando<br />
um vulto alto e magro, muito silencioso, vestido de libré cor de Havana com botões<br />
de ouro, a cabeça toda branca e o queixo tremulo: é o velho Caetano. E nas salas,<br />
que se seguem a essa de espera onde ele espaceia, encontram-se, restaurados e<br />
em novas molduras, aqueles célebres retratos de damas e cavaleiros da corte de D.<br />
José e D. Maria I, com os quais o defunto Barão do Palmar ilustrara outrora as<br />
paredes de suas fazendas em Minas.<br />
Mas onde foste tu, belo boêmio excêntrico e aborrecido, descobrir todas<br />
essas tafularias do gosto; donde houveste o desenho de teus tapetes, a esquisitice<br />
da tua mobília, das tuas cortinas e de todo esse luxo em que se atufam os teus<br />
aposentos<br />
E tudo obra do dinheiro<br />
Segundo, porém, dizem todos, não foi tão grande o legado do pobre<br />
comendador e o dote de Branca não justifica semelhante opulência. Gastas como<br />
um milionário! E, posto te apoderasses da vaga que o desgraçado velho abriu no<br />
comércio com a sua morte, a vida que estadeias é um mistério!<br />
Ora queira Deus, Teobaldo! Que não tenhas feito entrada de leão, sem<br />
saber ainda com a saída de que bicho hajam de comparar a tua retirada!.<br />
Isto dizia a boca do mundo, todas as vezes que ele e mais a mulher<br />
atravessavam a praia de Botafogo ou as ruas da cidade, no seu magnífico landau,<br />
tirado por duas éguas de raça.<br />
Estes passeios faziam sempre os dois sozinhos porque Mme. de Nangis,<br />
depois de fechar os olhos do defunto protetor e depois de tirar dos próprios as<br />
lágrimas que pode recolheu o que lhe tocava de herança, chamou do Banco as suas<br />
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