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— Pois bem! Prosseguiu o diretor; chegam de novo as férias e, quando<br />
estou resolvido a remeter-lhe o menino, vem o senhor e diz que desta vez não pode<br />
pagar tanto como das outras!... Ora! Há de V. Rev.ma convir que isto não tem jeito!<br />
— Seria uma obra de caridade!... Objetou o padre.<br />
— Sim, mas eu já fiz o que pude...<br />
— Pois vá! Pagarei o mesmo que nas férias do ano passado.<br />
— Não, senhor, não serve! V. Rev. ma leva o menino e, se quiser, pode<br />
apresentar-mo de novo em Janeiro. De outra forma não!<br />
— Tenho então de levar o pequeno comigo Exclamou o padre, fazendo-se<br />
vermelho.<br />
— De certo, respondeu o diretor sem hesitar. As férias Inventaram-se para<br />
descanso e eu não posso fica tranqüilo, sabendo que há um aluno em casa. Dá-me<br />
mesmo trabalho que me dariam vinte! Não! Não.<br />
— Mas, doutor!.<br />
— Não, não quero! É um cuidado constante. Retiram-se todos os<br />
empregados e fica aí o menino só com o servente; de um momento para outro, uma<br />
travessura, uma tolice de criança, pode ocasionar qualquer desgraça, e serei eu por<br />
ela o único responsável! Não quero!<br />
— E se eu pagar o mesmo que pago durante ano Perguntou o reverendo já<br />
impaciente e cada vez mais vermelho.<br />
— Nem assim.<br />
— Nem assim E quanto é preciso então que eu pague<br />
— Nada, porque estou resolvido a não aceitar.<br />
— De sorte que eu tenho por força de levar o pequeno...<br />
— Fatalmente.<br />
— Pois então, pílulas! Exclamou o padre, deixando transbordar de todo a<br />
cólera; pílulas!<br />
E, voltando-se para o <strong>Coruja</strong>:<br />
— Vá! Vá fazer a trouxa e avie-se!<br />
O <strong>Coruja</strong> afastou-se tristemente enquanto o padre resmungava: Peste! Só<br />
me serve para me dar maçadas e fazer-me gastar o que não posso!<br />
O barão. que a certa distância ouvira tudo ao lado do filho, disse a este em<br />
voz baixa:<br />
— Pergunta ao teu amigo se ele quer vir conosco passar as férias na fazenda.<br />
Teobaldo, satisfeito com as palavras do pai, foi de carreira ter com o <strong>Coruja</strong><br />
e voltou logo com uma resposta afirmativa.<br />
— Reverendo, disse então o fidalgo aproximando-se do padre com suma<br />
cortesia. Por sua conversação com o Dr. Mosquito fiquei sabendo que o contraria<br />
não poder deixar o seu pupilo no colégio; lembrei-me, pois, se não houver nisso<br />
algum inconveniente, de levá-o com o meu filho, a passar as férias na fazenda em<br />
que resido.<br />
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