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www.nead.unama.br<br />
espírito de curiosidade do que pelo simples gosto de servir ao futuro genro: aquilo,<br />
afinal, era um escândalo, e a mãe de Inês dava o cavaquinho pelos escândalos.<br />
Branca chegou lá às dez e meia da noite, e D. Margarida, ao dar com o<br />
<strong>Coruja</strong> muito sério e disfarçado em cocheiro, exclamou benzendo-se<br />
— Credo, seu Miranda! Que trajos são esses, homem de Deus<br />
Teobaldo despediu o carro, fez servir uma ceia que mandara trazer do hotel<br />
e ordenou ao Sabino que tornasse a Botafogo e ficasse até pela madrugada a<br />
rondar a casa do comendador, para ver se haveria alguma novidade.<br />
Puseram-se todos à mesa e, a despeito da crescente aflição da foragida,<br />
riram e conversaram, sem cuidar nas horas que fugiam, porque estavam mais que<br />
dispostos a passar a noite inteira na palestra e na bisca de sete.<br />
— Vê!... Disse Margarida, dirigindo-se a André e apontando para Branca e<br />
Teobaldo, que alheados conversavam juntos, quando a gente quer as coisas<br />
deveras faz como aqueles...<br />
O <strong>Coruja</strong> remexeu-se ao lado de Inês, e a velha acrescentou:<br />
— E note-se que estes para casar topavam outras dificuldades que já o<br />
senhor não encontra para casar com minha filha!...<br />
— O meu caso é muito diferente... resmungou por fim o <strong>Coruja</strong> — mas muito<br />
diferente... Quanto a mim, não se trata de vencer oposições de família; trata-se é de<br />
obter os meios necessários para que a senhora e sua filha não venham a sofrer<br />
dificuldades depois do meu casamento...<br />
— Ora! Quem tudo quer, tudo perde!<br />
Teobaldo interveio a favor da velha, aconselhando ao amigo que acabasse<br />
por uma vez com aquela história, que se casasse logo com a moça, e, depois de<br />
apresentar em linguagem colorida as vantagens do matrimonio, fechou o discurso<br />
oferecendo a sua casa e a sua mesa ao amigo, apesar de não saber ainda onde<br />
havia de se refugiar com Branca depois que a igreja os tivesse legalmente unido.<br />
André abanou as orelhas a tais palavras.<br />
— E por que não insistiu o outro — não temos porventura conseguido viver<br />
juntos até hoje e em perfeita harmonia... Para que havemos, pois, de separar-nos<br />
daqui em diante...<br />
— Para não termos o desgosto, contraveio André, de vermos nossas<br />
famílias em guerra constante. Dois rapazes viverão eternamente em boa paz<br />
debaixo do mesmo teto; com duas senhoras a coisa é mais difícil e com mais de<br />
duas é impossível.<br />
— Agora, isto é exato... Confirmou a velha.<br />
— É! Arriscou Inês — Quem casa, quer casa!...<br />
Mas declarou logo que, apesar disso, estaria por tudo que deliberassem.<br />
— Pois eu, replicou Teobaldo, afianço desde já que não estou disposto, seja<br />
pelo que for, a dispensar a companhia do <strong>Coruja</strong>, ache-se ele casado, solteiro ou<br />
viúvo!<br />
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