24.12.2014 Views

O Coruja - Unama

O Coruja - Unama

O Coruja - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

se não fora a esperança de saciar o amor que me põe louco É impossível que<br />

Branca, tão inteligente e tão lúcida, não me compreenda e não perceba as minhas<br />

intenções! É impossível que ela me suponha tão fácil de contentar que eu só exija<br />

de sua pessoa um casto e fraternal reconhecimento! Ah! Mas agora, agora que os<br />

tenho seguros por uma dívida de meia dúzia de contos de réis, hei de chegar aos<br />

fins a que desejo ou muito terão eles de amargar!<br />

Fazia tais reflexões, quando Teobaldo entrou da rua.<br />

Vinha extremamente pálido e, pelos modos, bastante contrariado.<br />

— Oh! Que tens tu Perguntou-lhe o outro, indo ao encontro dele. Estás com<br />

uma cara! Alguma coisa te contraria ainda<br />

— Nada!<br />

— Desconheço-te, homem!<br />

— Nada! Não tenho nada! Necessidade de repouso.<br />

— Nesse caso, retiro-me...<br />

— Não. Fica à vontade.<br />

— Julgas que é muito agradável suportar-te neste estado...<br />

— É exato. Confesso que estou preocupado. Mais tarde saberás por que.<br />

— Bem; não falemos mais nisso e conversemos sobre outra coisa.<br />

Mas, daí a meia hora, dizia o Aguiar:<br />

— Não! Tem paciência! Hoje não posso contigo. Adeus. Voltarei quando<br />

estiveres mais admissível.<br />

Teobaldo, mal viu sair o amigo, meteu-se no seu gabinete de trabalho,<br />

acendeu o gás, fechou-se por dentro e pôs-se a reler uma carta, que tirara da<br />

algibeira.<br />

Era uma carta anônima e dizia o seguinte:<br />

Meu adorável Teobaldo.<br />

O feitiço vira-se às vezes contra o feiticeiro: tu, que tens destelhado a valer a<br />

honra de vários maridos, estás agora com a tua exposta à chuva e aos ventos...<br />

Olha que lhe fazem cada rombo, que até da rua a gente os vê!...<br />

E a graça, adorável Teobaldo, é que deves esse obséquio ao teu melhor<br />

amigo, ao teu intimo, ao teu unha com carne! Coitado do meu Teobaldo!<br />

Se exiges provas do que dizemos, estamos dispostos a dar-tas quando<br />

quiseres.<br />

Assinava — Uma das vítimas dos teus encantos.<br />

CAPÍTULO XIII<br />

Depois da nova leitura da carta anônima, Teobaldo mergulhou mais<br />

profundamente na sua preocupação.<br />

— O meu melhor amigo... O meu íntimo!... Repetia ele, como um sonâmbulo.<br />

Trata-se por conseguinte do <strong>Coruja</strong> ou do Aguiar! O Aguiar!... Não! Não é possível!...<br />

E contra o outro não me animo sequer a levantar a ponta de uma suspeita!<br />

194

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!