12.07.2015 Views

DO CONGRESSO NACIONAL DIÁRIO - Câmara dos Deputados

DO CONGRESSO NACIONAL DIÁRIO - Câmara dos Deputados

DO CONGRESSO NACIONAL DIÁRIO - Câmara dos Deputados

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

4264 Terça-feira 2 DIÁRIO <strong>DO</strong> <strong>CONGRESSO</strong> <strong>NACIONAL</strong> (Seção I) Março de 1993Mundo, estão mentindo descaradamente. Não se entra emclube de Primeiro Mundo através de decreto. Esses tambémnão tocam em modelo econômico.Sr. Presidente, é o modelo econômico que faz com queo jornal A Folha de S. Paulo, edição de domingo, traga, napágina 12, a seguinte manchete: "Brasil: Lavoura Arcaica".Diz a referida matéria que crianças de 4 anos de idade sãobóias-frias no Estado do Paraná. O jornal estampa uma fotode criança, ainda com chupeta na boca, que levanta às 4horas da madrugada para pegar o caminhão junto com osdemais peões para colher algodão durante o dia inteiro eganhar de 10 a 20 mil cruzeiros para ajudar na renda dacasa. Tudo isto está acontecendo num Estado rico como oParaná.Sr. Presidente, a mãe de uma das crianças diz que sepreocupa muitas vezes, porque elas se perdem dentro do algodoal,debaixo de um sol muito quente, e só retornam nofinal da tarde, na hora de irem embora. Eu, por exemplo,já trabalhei na roça, mas comecei com o dobro da idade dessascrianças. Por isso sei o que é trabalhar lá. É o modelo econômicoque gera essa anormalidade. Os fazendeiros do Paranáfazem esse tipo de coisa e ainda querem lavoura subsidiada.Agora vêm os arautos das mudanças dizendo que o parlamentarismovai alterar tudo isso.Tenho em mãos a revista IstoÉ desta semana, que trazuma matéria sobre o filho de uma das mais importantes autoridadesdeste País. Enquanto estávamos afastando do Governoo ladrão n 9 1 da República, Fernando Collor de Mello, ofilho do então Presidente do Congresso Nacional, SenadorMauro Benevides, estava traficando influência e roubandoo Erário, usando o nome do pai, segundo afirma a revista.Fonfon, como é chamado, com um salário de trinta milhõesde cruzeiros, conseguiu, em um ano, comprar sete carros,alguns importa<strong>dos</strong>. Ele tem um BMW, tem até um Mitsubishi.Segundo a reportagem, os únicos proprietários desses carrosno Brasil são a Xuxa, que tem um patrimônio fantástico,e o Airton Senna, que é um <strong>dos</strong> homens mais ricos do País.O filho do Senador Mauro Benevides, com um salário detrinta milhões de cruzeiros, comprou um carro exatamenteigual ao da Xuxa e do Airton Senna.E como foi feita a multiplicação desses trinta milhões?Ele deveria ensinar aos demais funcionários, se fosse umacoisa honesta. Mas, não é, os funcionários não vão querersaber. O filho convenceu o pai a assinar uma medida inconstitucional,nomeando um amigo seu para determinada diretoriado Senado, e lá faziam as mutretas.Sabem o que ele fazia? Telefonava para os diretores dee'Ç'lpresas prestadoras de serviços ao Senado Federal e diziaque algumas contas estavam atrasadas, mas, como filho deSenador, poderia apressar a solução do caso. Como compensação,vinham as propinas. O interessante é que o Senador,pelo menos, deveria ter notado que alguém que ganhava 30milhões de cruzeiros não podia colocar tantos carros na garagem.Eu, por exemplo, ganho mais do que ele e me endivideimuito para pagar as prestações de um carro adquirido emconsórcio que sobe to<strong>dos</strong> os meses. De vez em quando tenhoque entrar no cheque especial do Banco do Brasil e pago41% de juros. E o filho do Senador está com sete carrosna garagem, um deles um BMW.Certamente alguns parlamentaristas vão dizer que a imprensapersegue o Congresso Nacional, que a imprensa nãoquer a implantação do parlamentarismo no Brasil. O problemanão é parlamentarismo, presidencialismo ou monarquia, masa falta de vergonha, de caráter da maioria <strong>dos</strong> homens públicosbrasileiros, e vergonha e caráter não se impõem por decreto.Ninguém decreta que a partir de hoje ladrão tem que tervergonha. Nem colocando na cadeia os ladrões consegue-sereeducá-los; imaginem se decreto vai conseguir.Portanto, Sr. Presidente, esta discussão não pega; o POV0não está interessado nesta discussão; esta pauta não é aceitapela sociedade, porque foi imposta de cima para baixo. Omonarquista, por exemplo, deveria ter fundado o partido monárquicohá dez anos e vir defendendo a idéia. Agora, hoje,o príncipe, cem anos depois, descobre que há favela no Brasile, num ato populista, vai hLcomer feijoada com os favela<strong>dos</strong>;os parlamentaristas também. Eu\estava verificando que quaseto<strong>dos</strong> os parti<strong>dos</strong> brasileiros são presidencialistas nos seusestatutos e no seu regimento interno. Entretanto, apareceagora quase todo mundo dizendo que é parlamentarista. Istoo povo não aceita. E é por isso que o presidencialismo vaitriunfar, vai vencer neste País, porque não aceitamos maisenrolação. Mesmo no meu partido, depois do dia 15 de março,vou ver os Deputa<strong>dos</strong> José Genoíno, José Dirceu, AloízioMercadante e outros sendo obriga<strong>dos</strong> a defender o presidencialismo,porque esta será a vontade da base do Partido <strong>dos</strong>Trabalhadores.O SR. GILVAM BORGES (Bloco Parlamentar Democrático- AP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,SI"'" e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, no dia 5 de março o Amapá receberáa visita do Ministro da Integração, Senador da RepúblicaAlexandre Costa, juntamente com o nosso Senador José Sarney,para a implantação da segunda etapa da zona do LivreComércio. Será uma data histórica para o Amapá, pois aexpectativa do nosso povo está justamente no desenvolvimentodaquela região. Nós, Sr. Presidente, acreditamos, sim,nesse desenvolvimento.Sabemos que a Região Norte sempre foi relegada a últimoplano pelos Governos Federais que se sucederam, mas acreditamosque no Amapá, lá no extremo norte, a porta de entradado País, teremos não um surto, mas um sistema organizadode desenvolvimento, através da Zona de Livre Comércio.O Ministro Alexandre Costa, a convite do Senador JoséSarney e das forças políticas do Estado do Amapá, acompanhatá,nesse dia 5 de março, a comitiva que sairá da CapitalFederal, levando decisões importantíssimas para o desenvolvimentodo nosso Estado.Sr. Presidente, acreditamos que essa ação política e governamentaltrará reflexos positovos para o Amapá. Para tanto,temos como representante no Senado Federal uma figura políticade expressão, com experiência e conhecimento profundonão só da vida nacional, mas da forma de se fazer política.Refiro-me ao Senador da República José Sarney, que nostraz agora esse fato importante que irá acontecer no dia 5de março no Amapá.Fica registrado o agradecimento deste Parlamentar aoMinistro Alexandre Costa e a to<strong>dos</strong> os técnicos do Ministérioque irão ao Amapá tomar decisões que, sem sombra de dúvida,vão trazer benefícios que perdurarão por muitas gerações.Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, SJ4' e Srs. Deputa<strong>dos</strong>.O SR. CLÓVIS ASSIS (Bloco Parlamentar Democrático- BA. Sem revisão do orador.) - SI. Presidente, SJ4' eSrs. Deputa<strong>dos</strong>,- este País está em uma confusão tremenda.Acordamos, hoje, com a demissão - chamo isso de demissão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!