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LIVRO DIDÁTICO miolo CD

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MÓDULO VI<br />

da identidade e da autonomia em relação às figuras paternas e tendem<br />

a considerar esta fase como universal. No entanto, não convém<br />

sobrepor adolescência e puberdade, tampouco tomá-las como<br />

sinônimos. Em diferentes tempos e culturas, existiram formas<br />

distintas de compreender e lidar com as transformações orgânicas<br />

decorrentes dos hormônios. Por outro lado, em uma mesma cultura<br />

ou sociedade, coexistem adolescências vivenciadas em suas especificidades,<br />

dependendo da posição social do adolescente, bem como<br />

dos bens e serviços de que desfruta, tais como educação, saúde e<br />

trabalho, entre outros.<br />

O adolescente brasileiro de classe média que vivencia moratória<br />

de preparação para o ingresso no mercado de trabalho, inicia sua<br />

vida sexual e afetiva e expande suas redes sociais para além dos laços<br />

familiares não pode ser comparado ao adolescente das periferias, que<br />

desde a infância contribui para a manutenção da casa e para o cuidado<br />

com seus irmãos mais novos. Por sua vez, ambos serão diferentes de<br />

adolescentes indígenas, ciganos tradicionais ou daqueles cuja família<br />

professa alguma ortodoxia religiosa. Assim, podemos afirmar que<br />

existem diferentes adolescências, cujos significados e períodos são<br />

muito distintos dependendo de vários fatores.<br />

A compreensão psicossocial da adolescência é contrária à ideia<br />

evolucionista da adolescência como momento ou etapa da evolução e<br />

propõe apreendê-la enquanto agenciamento do processo social e<br />

histórico humano ou construção social e cultural que desencadeia<br />

efeitos psicológicos distintos.<br />

Em síntese, podemos dizer que entre o marcador orgânico e<br />

hormonal da puberdade e a adolescência como formação psíquica e<br />

social, existe um abismo que deve ser ultrapassado por mediações<br />

simbólicas. A adolescência, como passagem do mundo infantil para o<br />

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