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3.2.4 Irmandade do Pala Branco<br />
E a mais antiga referência de curandeirismo associado a práticas mágico-religiosas no<br />
Paraná em Curitiba do período estudado. Foram citadas por Dario VELLOZO (1900:68-<br />
69) no chamado grupo da Irmandade do Pala Branco. Constitui a única referencia anterior<br />
à década dos anos 30, denotando um caráter coletivo a este tipo de práticas. 58 Segundo<br />
VELLOZO o nome da Irmandade surgiu no início do século XIX, irradiando-se pelo<br />
Paraná. Eles praticavam um tipo de ocultismo prático, terapêutico oculta e de magia<br />
negra. O próprio nome do grupo provinha de Palas (Poncho) que segundo eles, os seus<br />
associados jamais abandonavam.<br />
Após a guerra do Paraguai, no ano de 1870, o nortista Manoel Antônio chega no<br />
Paraná em companhia do mestre irmão Soares e de outros companheiros. E ali teve-se o<br />
início da Irmandade do Pala Branco. VELLOZO (1900:68-69) contou a respeito:<br />
(...) a superstição, o fanatismo vibrava a alma simples e ingênua dos sertanejos (...)<br />
fascinadas, mulheres corriam à casa do erço, onde fieis se ajuntavam, atraídos<br />
pela fama do curandeiro (...) por vezes, a cura pronta de enfermidades rebeldes,<br />
benzimentos e exorcismos. Manoel Antonio aplicava medicamentos de sabor<br />
esquisito, adivinhava o pensamento de outros, indicava o local onde tinha ido<br />
parar objetos estraviados, profetizava... Os sectários ao Pala Branco recebiam a<br />
instrução gradativamente, conforme as aptidões que demonstravam e a confiança<br />
inspirada ao iniciador.<br />
A influência do Ocultismo Europeu, principalmente na transmissão do conhecimento<br />
secreto através de uma hierarquia, e nos exorcismos e profecias, típicas do universo<br />
simbólico naquele período.<br />
A Irmandade do Pala Branco dissolveu-se no ano de 1878 para sucumbir finalmente<br />
em 1893 com a morte de Manoel Antonio, o mestre. Mas, a tradição de curar mediante essa<br />
terapêutica oculta e misteriosa, continuou: (...) os antigos sectários continuaram na aplicação<br />
da terapêutica oculta, havendo alguns voltados inteiramente á perversão satânica da magia negra.<br />
Em um outro trabalho seria interessante reconstruir a história dessa antiga Irmandade<br />
do Pala Branco em Curitiba, já que representou uma importante amostra das terapêuticas e<br />
58 LANGER, Johnni. Feitiçaria em Curitiba: Discurso e Cotidiano. Monografia apresentada no curso de<br />
História da.UFPR. Curitiba, 1992. p. 38.<br />
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