D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
utilizou os termos: feiticeira, bruxa e curandeira como equivalentes, recorrendo<br />
indistintamente, em um mesmo texto tais palavras como sinônimos. Por essa razão, não se<br />
adotou as ditas definições e diferenças teóricas nesta pesquisa.<br />
Na verdade era mais, uma representação estereotipada da curandeira como veremos<br />
nos exemplos seguintes (utilizaremos o exemplo da feiticeira Luciana novamente, por ser<br />
um relato rico de detalhes descritivos): (...) Épossível que se trate de mulheres que inculcándo-<br />
se feiticeiras, procuram subjugar a credubilidade de terceiros talvez para auferir resultados. Não<br />
seria mau que a policia deligenciasse na descoberta dessas bruxas, feiticeiras, curandeiras,<br />
encantadas, como quer que se lhes chame. 61<br />
A representação da feiticeira-curandeira era algo misteriosa e desagradável: (...)<br />
chama-se Luciana, é uma parda velha, de olhar contemplativo e nariz aquilino, moradora á rua<br />
Pedro Yvo. 63<br />
E sobre suas práticas ela mesma disse: (...) a policia mandou chamar a feitiçeira Luciana<br />
que inquerida respondeu: - não sou feiticeira, apenas faço cura em moléstias que pegam, e de<br />
mau-olhado '. Confessou ahi que tem sempre cheia de clientes a sua casa. clientes que vão pedir<br />
alivio para as dores e aos quaes ella cura como força de sua vontade, unida a certos<br />
medicamentos e aos auxílios de Deus.(...) 69 .<br />
Esta representação e imagem da feiticeira provem da literatura clássica e foi quase<br />
uniforme em todas épocas. Jeffrey RUSSELL (1995: 17):<br />
Ceci, a sedutora: Medeia. a assassina: Dipsias. de Ovidio. Oenotéia, de Apuleio, e<br />
especialmente Conidia e Sagana. de Horacio, que com seus rostos lívidos e<br />
hediondos, de calças, cabelos desgrenhados e roupas andrajosas, reuniam-se de<br />
noite num lugar ermo para escavar o solo com seus dedos em forma de garras,<br />
esquartejar um cordeiro negro, comer-lhe a carne e invocar os deuses infernais.<br />
Esta tradição literária da feiticeira e de sua representação perversa e misteriosa serviu<br />
facilmente de base para a ulterior representação e imagem cristã da bruxa. Também outros<br />
elementos da religião greco-romana contribuíram para a formação da imagem da bruxa e<br />
67 DIARIO DA TARDE. Curitiba. 10/05/1899. p. 01.<br />
68 DIARIO DA TARDE. Curitiba. 19/05/1899. p. 01.<br />
69 DIARIO DA TARDE. Op. Cit. p. 01.<br />
102