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Estes dois episódios ocorridos no bairro de Umbará no ano de 1906, remetem à<br />

questão da estigmatização não só da feitiçaria, senão toda terapia ou prática popular.<br />

O primeiro caso no qual o ancião negro João Baquiano ao promover curas de feitiço<br />

neste bairro, findou por ser identificado a estes mesmos feitiços, o que acabou ocasionando<br />

uma tentativa de linchamento pelos colonos. O simbolismo resultante da queima de suas<br />

roupas pelos italianos foi relacionado diretamente às praticas de queima de feiticeiras na<br />

Europa.<br />

O fogo neste caso assumiu coletivamente na comunidade um sentido símbolo de<br />

regeneração, purificação e mesmo "destruição das forças do mal". 99 Paralelamente à<br />

questão mágico-religiosa tem-se a relação étnica. LANGER no seu estudo monográfico<br />

sobre Feitiçaria em Curitiba registra que os curandeiros brasileiros de origem negra eram<br />

extremamente procurados pelos imigrantes europeus, principalmente italianos. Os<br />

conflitos entre os dois grupos eram freqüentes, motivados geralmente por questões socio-<br />

económicas.<br />

O incidente com o senhor Basso, um italiano de avançada idade, remete diretamente<br />

ao estereotipo da bruxa. Mulheres velhas eram alvos de preconceitos e de estimagtizações<br />

em comunidades conflituosas.<br />

Na Europa, segundo o LAGNER (1992) este fenômeno também era comum: (...) os<br />

processos revelam uma acumulação de queixas aldeãs clássicas (feitiços, doenças e mortes de<br />

animais) 100 e, (...) no universo predominantemente rural, as acusações de feitiçaria revelavam<br />

tensões internas das comunidades de aldeões ou camponeses 101<br />

Desta maneira, a bruxa igualmente ao curandeiro ou a feiticeira eram vitimas de<br />

tensões sociais existentes nas comunidades conflituosas. Curiosamente e dignos de estudar<br />

numa próxima pesquisa de antropologia histórica, estas mesmas sociedades deram<br />

anteriormente condições para seu próprio surgimento (as representações estereotipadas).<br />

99 CIRLOT, Juan-Eduardo. Op. Cit. p. 258<br />

100 MANDROU, Robert. Magistrados e Feiticeiros na França do séc. Will. São Paulo: Ed. Perspectiva,<br />

1979. p. 97<br />

101 SOUZA, Laura de Mello. Op. cit. p. 17<br />

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