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medicina começou a lutar tenazmente contra essa situação, procurando monopolizar o saber<br />

e condensar na figura do médico o direito exclusivo de assistir e receitar aos doentes.<br />

Mesmo assim, esse monopólio do saber e da prática médica não se formou de um só golpe.<br />

Como nos diz COSTA F. (1979: 76):<br />

O médico, nessa corrida para o poder, tropeçava a todo instante na incomoda<br />

herança dos tempos coloniais. A medicina, mesmo quando já possuía um<br />

conhecimento de racionalidade bem superior á que orientava a pratica curativa<br />

leiga, teve que enfrentar o descrédito da cultura. Em todo o século XIXnota-se o<br />

esforço que os médicos faziam para livrar-se do passado. Combatiam<br />

desesperadamente curandeiros, parteiras, homeópatas e tentavam a todo custo,<br />

riscar da memória histórica a antiga submissão á burocracia e mesmo á religião.<br />

De forma que pouco a pouco o médico do séc. XIX combatia o desprestígio social e<br />

cultural de que era vítima, e produzia um novo discurso do saber e da prática médica, assim<br />

como uma nova fonte de benefício econômico. Assim, nas últimas décadas do século XIX,<br />

constituiu-se no Brasil uma nova geração de intelectuais composta por médicos,<br />

educadores, engenheiros, farmacêutas e outros que possuíam um saber técnico<br />

especializado e propugnavam por um ensino prático com o objetivo de integrar o país numa<br />

'civilização ocidental'. A atuação especializada destes intelectuais não se restringia apenas<br />

a uma produção científica, abrangendo obras de cunho teórico, sociológico e até literário.<br />

(GANZ, A: 1996) Através desse saber tecno-científico, eles propuseram soluções para os<br />

problemas nacionais e a Sociedade Curitibana passou a contar com o auxílio deles para<br />

orientar a conduta dos indivíduos das sociedades da época.<br />

Esses intelectuais e principalmente os médicos acreditavam na ordem e no progresso<br />

do país pela via da modernização, mediante o aperfeiçoamento da raça humana dada pela<br />

higiene. Para isto ser possível era necessário que os médicos introduzissem seus discursos<br />

em todas as áreas de conhecimento e submetessem todos as leis chamadas de eugênicas<br />

como já mencionou-se em itens anteriores. Para o médico carioca Afrânio Peixoto, as leis<br />

não deviam ser feitas apenas por advogados, necessitavam de uma 'inferencia médica', pois<br />

cabia a eles indicar o caminho a seguir (HERSCHMANN, M: 1994).<br />

Para o historiador Herschmann, esses intelectuais e cientistas reivindicavam a<br />

responsabilidade pela organização social, e desejavam desempenhar funções no aparelho<br />

estatal. Os seus discursos passaram a constituir as diretrizes básicas da sociedade brasileira<br />

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