D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
D - BARBOSA, MARIA ALEJANDRA ROSALES VERA.pdf - DSpace ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Considerou-se o fenômeno médico mágico-religioso como um fato social, cultural,<br />
coletivo formal, ritual e tradicional, que supôs uma solidariedade de crenças e sentimentos,<br />
e cuja eficácia foi reconhecida socialmente pelo grupo ou sociedade em geral. Então,<br />
nesta análise foi considerado o Curandeirismo como uma prática médica, mágica e<br />
religiosa com lógica própria e com um valor simbólico carregado de válidas significações.<br />
Se as práticas do curandeiro existem ainda hoje foi devido -entre outros fatores- a<br />
sua eficácia simbólica no grupo social e contexto histórico no qual funcionaram. No ato<br />
mágico-religioso a eficácia se manifestou com o curandeiro no sentido de que ele mesmo<br />
acreditava na eficácia de seu saber. Em segundo lugar, o paciente acreditava no poder do<br />
curandeiro e por último, no reconhecimento social e culturalmente compartilhado da<br />
eficácia de seus procedimentos. A crença nessa eficácia foi reforçada reciprocamente.<br />
Assim, a confiança do curandeiro na sua sabedoria e no seu conhecimento estimula a fé do<br />
paciente no seu procedimento terapêutico e vice-versa.<br />
Em fim, as atividades do curandeirismo como práticas médicas, mágicas e<br />
religiosas constituíram-se um fenômeno essencialmente histórico e cultural, cujo<br />
aparecimento e desenvolvimento estão condicionados pela relação tempo-espaço. Dentro<br />
de cada coletividade, estas desempenharam uma função específica.<br />
Mas os elementos de crenças e práticas mágico-religiosas da população curitibana,<br />
apesar de toda essa pressão sofrida , não desapareceram. As práticas do Curandeirismo<br />
permaneceram no tempo e conservaram-se às crendices, supertições e a sabedoria popular<br />
paralelamente ao desenvolvimento tecnológico.<br />
Curas milagrosas, ritos catárticos, palavras cabalísticas, ervas e raízes, crenças<br />
construídas sobre a base de um imaginário que atou e pelo mesmo foi vivido como real.<br />
Aonde a medicina foi insuficiente ou fracassa, apareceu a esperança de uma outra resposta.<br />
Uma soma de diagnósticos e tratamentos que tomaram em conta a rica diversidade e<br />
complexa existência humana, entretecendo ligações até invisíveis entre o subjetivo e o<br />
objetivo, entre o consciente e o inconsciente, entre o material e o ímaterial, em um<br />
universo recarregado de significações em meio do qual brotou o rico manancial do<br />
inesperado.<br />
116