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2.2.1 O Negro como um problema nacional e a vinda do branco europeu<br />
como salvação<br />
No Brasil, a simples presença do negro servia para contaminar a sociedade, pois a<br />
convivência dos "senhores" e escravos produzia toda sorte de doenças e desvios morais.<br />
Os médicos apontavam as negras escravas como um convite à iniciação sexual precoce,<br />
induziam os 'senhores' a deixarem o lar e eram supersticiosas. Os escravos eram foco de<br />
vícios e doenças assim como também elemento destruidor das famílias. Daí a certeza que<br />
os negros eram os responsáveis pela degeneração da raça brasileira (MORAES PAZ,<br />
F:1995). Por isso era necessário afastá-los do convívio com os brancos e estimular a vinda<br />
de europeus para produzir uma nova e moderna sociedade. Esta nova sociedade foi<br />
pensada a partir de um padrão moral e físico ajustado aos preceitos da civilização europea.<br />
No caso particular de Curitiba, na transição do século XIX e início do XX, os imigrantes<br />
europeus ganharam força cada vez maior, o que não aconteceu com as outras classes mais<br />
pobres de índios e imigrantes negros. O preconceito racial no período também se<br />
manifestava nos discursos e nas representações feitas na obra de historiadores dessa época<br />
como exposto no próximo exemplo: (...) E verdade que por várias gerações o descendente de<br />
negro ainda representa vestígios de inferioridade sociológica e Psicológica, conseqüência de<br />
varias causas -o ambiente, o gênero de vida, a incultura, etc. 9<br />
Outro discurso interessante para analisar neste contexto se refere aos padrões de<br />
higiene e salubridade das sociedades urbanas. Esse era um discurso médico-sanitário<br />
comum nos jornais da época. Cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Recife são<br />
constantemente referidas como pestilentas ou insalubres. As epidemias começavam a ser<br />
constantes e os esforços das autoridades revelavam-se insuficientes. Cumpre, portanto,<br />
ordenar os espaços urbanos a partir de dois cuidados fundamentais -o da localização e o da<br />
distribuição dos espaços-, cuidados sempre presentes nos discursos dos reformadores<br />
urbanos e dos higienistas europeus (MORAES PAZ, F. 1995).<br />
9 MARTINS, Romário. História do Paraná. São Paulo: Ed. Rumo Ltda, 1933.<br />
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