Download Monografia - Tag Cultural
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em si talvez seja mais importante para uma leitura fluente do que a construção da<br />
personagem. Mesmo personagens sem qualquer carisma são atratoras de atenção do<br />
leitor quando seus conflitos são convincentes.<br />
Já em relação à ação dramática, é um termo mais adequadamente aplicável ao<br />
gênero dramático e ao cinema. Contudo, a elaboração desta série possui um caráter<br />
linear que induz a um roteiro cinematográfico, seja em termos de ritmo (revezamento<br />
clímax/anticlímax) ou na própria divisão em volumes e capítulos, que a caracteriza<br />
como obra seriada.<br />
3.4 - Diegese, ambientação e tempo dramático<br />
A diegese é a realidade própria da narrativa e diz respeito à sua dimensão<br />
ficcional. É o que justifica a existência da verossimilhança interna de uma obra. Por<br />
exemplo, se no livro Harry Potter e a Pedra Filosofal 9 a magia existe e as pessoas<br />
podem voar em vassouras, isto se torna válido por causa de uma diegese que regula o<br />
“funcionamento” da “realidade” interna e ficcional da obra, mesmo que essas regras<br />
sejam completamente opostas às da vida real. Para Coutinho, “a influência do ambiente<br />
sobre a história é inegável. O personagem surge do meio, do qual adquire as motivações<br />
de sua existência” (COUTINHO, 2008: 60)<br />
Por meio da linguagem, somos capazes de construir um modelo de mundo em que inserimos<br />
imagens mentais de tudo o que conhecemos. E mais: inserimos imagens de coisas que nunca<br />
existiram ou já deixaram de existir no real. Ou seja, criamos coisas mentalmente. Nisso<br />
consiste a memória, a imaginação, o raciocínio abstrato, a criação artística... (BIZZOCCHI,<br />
2006)<br />
Ninguém pode criar a partir do nada: as estruturas linguísticas, sociais e ideológicas fornecem<br />
ao artista material sobre o qual ele constrói o seu mundo de imaginação. A teoria clássica da<br />
arte como mímese da vida é sempre válida, quer se conceba a arte como imitação do mundo<br />
real, quer como imitação de um mundo ideal ou imaginário. (D’ONOFRIO, 1999: 19-20)<br />
No conto maravilhoso, é tácita a concordância do leitor com as situações<br />
fantásticas. O leitor aceita que há uma carruagem feita de abóbora que depois vai virar<br />
abóbora de novo. O leitor não questiona isso. Tal é o grau de envolvimento que ele tem<br />
a partir do texto anterior, daquilo que foi engendrado naquele tecido textual. Ninguém<br />
9 ROWLING, J. K.<br />
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